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Criatura Sandman seria boa dica. Mas, rola ignorar o criador?

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  Difícil dissociar criador e obra. Queria muito escrever o quanto é bacana a série Sandman, da Netflix. A segunda temporada foi lançada este ano com os derradeiros episódios no mês que passou. Quem já havia lido a saga de Morpheus nos quadrinhos – de onde foi originada a produção – afirma que teria material para mais. Mas, foi a última. A explicação oficial é a de que a produção dos episódios é cara, exige muito da área criativa, e houveram divergências sobre o roteiro. Enfim, ainda de acordo com a versão oficial, a decisão foi tomada logo de início. alvez estivesse mesmo. Uma pena, a série realmente tem um refino artístico interessante. Um dos episódio, “Colecionadores”, por exemplo, foi dirigido por Coralie Fargeat, conhecida por ter filmado A Substância (The Substance), sucesso com Demi Moore e Margaret Qualley. Super compreensível, penso que Coralie recusaria outra participação no time da direção da produção inspirada na obra de… Neil Gaiman. Demorei né pra citar o nome. Foi d...

Kids chega aos trinta. Se envelheceu mal não sei, e segue pesado

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Como escrevi no post anterior, Chlöe Sevigny em Magic Farm me remeteu a Kids. O filme completa 30 anos e, em 1995, estava eu com 17, 18. Mais ou menos a mesma idade da moçada recrutada no longa estadunidense. Lembro que bateu forte. Hoje, penso se a produção dirigida por Larry Clark envelheceu mal. Se você não assistiu, as cenas se passam em Nova York e tem como pano de fundo o dia a dia de adolescentes sem muita perspectiva. Meninos e meninas consomem drogas, se reúnem para andar de skate, zoam entre eles e elas, sempre em um ambiente tóxico e pessimista. Nas tramas paralelas, sexo seguro estava fora de cogitação e, na época, o HIV muito dentro. Violência e drogas também são parte do cardápio da galera. Cenas realistas e põe realistas nisso. Os anos 90 tiveram ares meio sinistros. Foi a época do Grunge, dos ares depressivos urbanos – só pegar algumas letras de Alice In Chains, Nirvana, Pearl Jam, Portishead, Radiohead, e por aí vai – que contrastavam com muita energia. As telas de ce...

Comédia Magic Farm é meio sem noção, mas nem tanto. Fica a dica

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Se gosta de comédia meio sem noção, e que diz coisas interessantes em suas entrelinhas, Magic Farm é pedida interessante. O longa de hora e meia é dirigido pela jovem argentina Amalia Ulman, 36 anos, e assisti na Mubi. Ela também participa como atriz neste longa. Resumidamente, a história aborda uma equipe de televisão estadunidense que se “especializa” em reportagens com personagens e lugares exóticos – leia-se tudo que está fora dos EUA. Geralmente, o quintal inspirador é a América do Sul. Desta vez, o destino é a Argentina, onde entrevistarão um famoso cantor, o Super Carlitos. Entretanto, erram de cidadezinha. Pra tentar contornar a situação, eles e elas literalmente criam um fato, um novo estilo musical. Para isso mobilizam os moradores a participarem e serem os personagens. Magic Farm tem como destaque do elenco, Chloë Sevigny, que é Edna, a apresentadora e principal nome do programa. Ela capitaneia, mais ou menos, a equipe de filmagem formada por jovens com personalidades e dife...

De Dourados, Marinn OD$ rima um Jaguapi- Funky do bom

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  Dica da vez é direto e reto. Vou tentar. O álbum é o EP Jaguapi- Funky , rap do Marinn OD$ lançado este ano. “Direto do fundo do poço, sou indígena em Dourados, qualquer mal pra mim é pouco. Lá da aldeia Jaguapiru”. Trecho de Loka Vida. Tropecei nesse som em um storie (se a memória não falha) da SoulRa . “Direto da Aldeia Jaguapiru para as ruas da GoldenCity, eu Marinn OD$ (@marinxcorreria ) sou compositor e beatmaker do grupo Odiados. (@odiados67)” . Assim inicia a apresentação de Marinn no Spotify. “É três da tarde de uma simples terça de mal com o mundo. E o mundo, com mal de nóis. Ancestrais, herói. B.O. pendente, corrói. Se é eles por eles, então e nóis por nóis, vamo trancar rodovia.” Nessa toada, 27 de novembro, Marinn dá o recado. O diferencial, por exemplo, em relação ao hoje badalado Brô MC’s, é a sonoridade. As letras, a realidade estão lá, porém, a bordo de uma base funkeada, mais ritmada. Ou, como diria Mano, funk do bom, minha trilha sonora. Prova de que o rap,...

Só assisti agora, Manchester à Beira Mar é um drama acima da média

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Em mais um Só Assisti Agora, dica bem batida. Li trecho de crítica sobre Manchester à Beira Mar, na qual considera um bom filme mas facilmente esquecido. Tipo, é legal e tal, mas daqui a pouco não pensa no longa lançado em 2016. Pode ser. Em outra análise, destaca-se a abordagem do luto. Talvez seja esse ponto que fez a produção com duas horas e mais alguns minutos levar duas estatuetas Oscar 2017 (Kenneth Lorgan, por Roteiro Original, e Casey Affleck, por Melhor Ator). Eu? Não consigo superar. Foi a frase mais marcante de Manchester By The Sea (título original, e eu, tolinho, pensava que foi ambientado na Inglaterra). Um homem solitário encara a culpa e as lembranças do seu passado quando tem que voltar à sua cidade para cuidar do sobrinho de 16 anos. Pois é, sinopse da Netflix. E, se você ainda não assistiu, a bem da verdade é complicado falar muito sem dar spoiler. De repente, o drama tem em seus pontos altos a forma de como o roteiro descortina a história. Lee (Affleck), mora em ou...

Apocalipse nos Trópicos é um Recente Testamento - e bem vivo - do Brasil

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  E aí?! E o Apocalipse nos Trópicos? Petra Costa manda outro desconfortável porém necessário documentário que tem a ver com o Brasil-il-il de hoje. Cinco anos depois do bem bom Democracia em Vertigem 2019 – pego como base o lançamento mundial – essa mineira de 42 anos externa país afora parte de uma nação que é difícil de botar fé. Óbvio, a essa hora você deve ter lido, ouvido e visto coisas sobre o longa de quase duas horas. Se não, vai aí o momento (trecho de) sinopse: “Quando uma democracia termina e uma teocracia começa? Em APOCALIPSE NOS TRÓPICOS, Petra Costa investiga o crescente controle exercido por líderes religiosos sobre a política brasileira. A diretora obtém acesso aos principais líderes políticos do país, incluindo o Presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro, bem como um dos pastores mais famosos do Brasil - uma figura proeminente que parece manipular certos políticos como fantoches.” Esse tal pastor conhecido é, o “ator principal” desse manancial de cenas, passage...

Filme Cinema é Uma Droga Pesada não te deixa mal

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  Cinema é Uma Droga Pesada parece não ter sido bem recebido no geral. Ah, eu gostei do longa francês de quase duas horas lançado no Festival Varilux 2023 e passou nas telonas brasileiras – não sei se veio até Campão – em abril do ano seguinte. A produção dirigida por Cédric Kahn é uma comédia/drama que dá bom entretenimento. Meio que uma homenagem a quem faz e a quem ama cinema, Making Of (título original) leva o espectador aos bastidores da gravação de um filme. Nas instalações de uma fábrica, o longa traça algumas linhas, como expor os egos do diretor e das peças chaves do elenco, a pressão dos produtores em querer mudar o roteiro, a verba que acaba em meio às gravações, e a vida fora do set de filmagem das e dos principais personagens. O título original deve-se ao pedido de Simon (o diretor, interpretado por Denis Podalydès), para que Joseph (Stefan Crepon) – jovem figurante que sonha em ser cineasta – se encarregue de fazer o making of da produção. Cédric Kahn deixa claro na...