Larga mão de saber só de ouvir falar e vá ver O Agente Secreto
Tava muito a fim de falar minhas groselhas sobre O Agente Secreto. Assisti domingo, desnecessário dizer que vale dar um confere. No filme, com as digitais de Kleber Mendonça Filho. Aqui, vai ser mais do mesmo, talvez mais chato. Porém, se quiser prosseguir, bora lá.
O longa de pouco mais de duas horas dá margem para muita coisa.
Ambientada no ano em que nasci - e daí? - já começa em um tom árido e, ao estilo do diretor, "brincando" com caixinha/suborno do policial. Me lembrei de esquete estilo Hermes e Renato, do tempo áureo da MTV Brasil.
Wagner Moura comanda o elenco. Difícil não remeter a traços de uma espécie de capitão Nascimento, só que civil.
Na pele de um cabra marcado pra morrer, O Agente Secreto faz referências ou reverências - se preferir - ao cinema e a teledramaturgia da época.
Desde Os Trapalhões, passa por Tarcísio Meira, até os clássicos gringos, A Profecia, e Tubarão. Isso acompanhado pela boa montagem e edição imprimida pelo pernambucano diretor.
MOMENTO HELP aí!
Se considerar que as impressões por aqui valem algo, faz um PIX. Qualquer valor ajuda.
A chave é o e-mail: blogdokisho2@gmail.com
Ou, entre em contato se tiver a fim de trocar ideias e apoiar de alguma forma.
Ajuda e anima a seguir. Em vários sentidos.
Brigadão
Kleber Mendonça fez questão de recomendar aos cinemas o nível do volume do som ao redor dos assentos, tamanho o cuidado com o áudio. Realmente, faz toda a diferença. A trilha a cargo de Tomaz Alves Souza – parceiro de outros trabalhos do diretor – é bacana. Tal qual um thriller frenético, ou, silêncio entre diálogos jeitão década de 70/80. Além das incursões que vão desde Donna Summer, Ênio Morricone, a Zé Ramalho, Waldick Soriano, Ângela Maria, e por aí vai.
Esses detalhes ficam longe de deixar o roteiro em segundo plano. Quem vai ou foi pensando em comparar a produção a Ainda Estou Aqui, melhor deixar quieto. São estilos diferentes e isso é mérito de quem sabe fazer cinema. Cada um a seu modo. De repente, O Kleber é mais gente como a gente.
No caso, o filme deste ano é ficção. Que diverte mas, do jeito que se faz no "Norte", deixa entrelinhas e/ou nem tanto, a crítica social. Refugiados, preconceito, machismo, mercado, "banho de indústria", sucateamento do ensino federal, política, estão no cardápio vasto de O Agente Secreto. Sem contar as partes que me tocam: paternidade e jornal impresso!
Essa mistura tem a mão firme do cineasta que dita o ritmo de modo que quando pensa que vai dar em nada, tudo aparece. Tem muito de Bacurau, inclusive tem ator (Udo Kier, por exemplo) que esteve no também baita filme. Há momentos que não tem como não lembrar Tarantino - como as cenas da dupla de matadores em uma lanchonete.
O filme ainda consegue encaixar a boa sacanagem, e reafirma o recado da extinção das salas de cinemas devido à expansão tubaresca das grandes redes. Em Campo Grande, por exemplo, não há hoje nenhum sobrevivente deste clima sétima arte das antigas. Se bobear, o último foi o Cine Campo Grande, na 15 de Novembro.
As sacadas do filme ambientado em Recife são ótimas e ao que indica, Kleber Mendonça e elenco conseguem transmitir situações que na realidade extrapolam a terra brasilis. Os prêmios e reconhecimento no exterior são mais do que provas. As atuações de Hermila Guedes, Tânia Maria, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Izabel Zuaa, Alice Carvalho, e Roney Villela (a quem eu passei o filme todo me perguntando se era o Charles Gavin, do Titãs, vai vendo), fazem a sua parte.
Não saí do cinema com aquele ar pesado de filme tenso. O conteúdo, as mensagens podem até ser, porém, também um dos pontos legais do longa, é usar cores vibrantes, a começar pelo Fusca. É visualmente bem bonito. Recife, quem sabe tropeço com umas raparigas por lá um dia.
E é isso. O Agente Secreto tem muito mais coisa. Dá pra conversar por horas a fio e sempre esperto com a Perna Cabeluda.
Pois é, o “Tava muito a fim” lá do começo, tem a ver com a história se passar durante o Carnaval. O que faz lembrar um colegão de redação que se foi.
Alberto Gonçalves, a quem eu chamava de Tio ou Tiozão, adorava uma folia. E marcou o começo da semana deste meliante que digita e de muitas e muitos em clima de Segunda-feira de cinzas. Já deixa saudades.
Abraço
Nas redes, estou em
Instagram – https://www.instagram.com/
X/Twitter - @KishoShakihama
Threads – lucianokisho77
Blue Sky - https://bsky.app/profile/
Facebook – Luciano Shakihama

Anos 70, cores vibrantes, carnaval, Alberto... Saudades
ResponderExcluir