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Mostrando postagens de julho, 2025

Kids chega aos trinta. Se envelheceu mal não sei, e segue pesado

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Como escrevi no post anterior, Chlöe Sevigny em Magic Farm me remeteu a Kids. O filme completa 30 anos e, em 1995, estava eu com 17, 18. Mais ou menos a mesma idade da moçada recrutada no longa estadunidense. Lembro que bateu forte. Hoje, penso se a produção dirigida por Larry Clark envelheceu mal. Se você não assistiu, as cenas se passam em Nova York e tem como pano de fundo o dia a dia de adolescentes sem muita perspectiva. Meninos e meninas consomem drogas, se reúnem para andar de skate, zoam entre eles e elas, sempre em um ambiente tóxico e pessimista. Nas tramas paralelas, sexo seguro estava fora de cogitação e, na época, o HIV muito dentro. Violência e drogas também são parte do cardápio da galera. Cenas realistas e põe realistas nisso. Os anos 90 tiveram ares meio sinistros. Foi a época do Grunge, dos ares depressivos urbanos – só pegar algumas letras de Alice In Chains, Nirvana, Pearl Jam, Portishead, Radiohead, e por aí vai – que contrastavam com muita energia. As telas de ce...

Comédia Magic Farm é meio sem noção, mas nem tanto. Fica a dica

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Se gosta de comédia meio sem noção, e que diz coisas interessantes em suas entrelinhas, Magic Farm é pedida interessante. O longa de hora e meia é dirigido pela jovem argentina Amalia Ulman, 36 anos, e assisti na Mubi. Ela também participa como atriz neste longa. Resumidamente, a história aborda uma equipe de televisão estadunidense que se “especializa” em reportagens com personagens e lugares exóticos – leia-se tudo que está fora dos EUA. Geralmente, o quintal inspirador é a América do Sul. Desta vez, o destino é a Argentina, onde entrevistarão um famoso cantor, o Super Carlitos. Entretanto, erram de cidadezinha. Pra tentar contornar a situação, eles e elas literalmente criam um fato, um novo estilo musical. Para isso mobilizam os moradores a participarem e serem os personagens. Magic Farm tem como destaque do elenco, Chloë Sevigny, que é Edna, a apresentadora e principal nome do programa. Ela capitaneia, mais ou menos, a equipe de filmagem formada por jovens com personalidades e dife...

De Dourados, Marinn OD$ rima um Jaguapi- Funky do bom

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  Dica da vez é direto e reto. Vou tentar. O álbum é o EP Jaguapi- Funky , rap do Marinn OD$ lançado este ano. “Direto do fundo do poço, sou indígena em Dourados, qualquer mal pra mim é pouco. Lá da aldeia Jaguapiru”. Trecho de Loka Vida. Tropecei nesse som em um storie (se a memória não falha) da SoulRa . “Direto da Aldeia Jaguapiru para as ruas da GoldenCity, eu Marinn OD$ (@marinxcorreria ) sou compositor e beatmaker do grupo Odiados. (@odiados67)” . Assim inicia a apresentação de Marinn no Spotify. “É três da tarde de uma simples terça de mal com o mundo. E o mundo, com mal de nóis. Ancestrais, herói. B.O. pendente, corrói. Se é eles por eles, então e nóis por nóis, vamo trancar rodovia.” Nessa toada, 27 de novembro, Marinn dá o recado. O diferencial, por exemplo, em relação ao hoje badalado Brô MC’s, é a sonoridade. As letras, a realidade estão lá, porém, a bordo de uma base funkeada, mais ritmada. Ou, como diria Mano, funk do bom, minha trilha sonora. Prova de que o rap,...

Só assisti agora, Manchester à Beira Mar é um drama acima da média

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Em mais um Só Assisti Agora, dica bem batida. Li trecho de crítica sobre Manchester à Beira Mar, na qual considera um bom filme mas facilmente esquecido. Tipo, é legal e tal, mas daqui a pouco não pensa no longa lançado em 2016. Pode ser. Em outra análise, destaca-se a abordagem do luto. Talvez seja esse ponto que fez a produção com duas horas e mais alguns minutos levar duas estatuetas Oscar 2017 (Kenneth Lorgan, por Roteiro Original, e Casey Affleck, por Melhor Ator). Eu? Não consigo superar. Foi a frase mais marcante de Manchester By The Sea (título original, e eu, tolinho, pensava que foi ambientado na Inglaterra). Um homem solitário encara a culpa e as lembranças do seu passado quando tem que voltar à sua cidade para cuidar do sobrinho de 16 anos. Pois é, sinopse da Netflix. E, se você ainda não assistiu, a bem da verdade é complicado falar muito sem dar spoiler. De repente, o drama tem em seus pontos altos a forma de como o roteiro descortina a história. Lee (Affleck), mora em ou...

Apocalipse nos Trópicos é um Recente Testamento - e bem vivo - do Brasil

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  E aí?! E o Apocalipse nos Trópicos? Petra Costa manda outro desconfortável porém necessário documentário que tem a ver com o Brasil-il-il de hoje. Cinco anos depois do bem bom Democracia em Vertigem 2019 – pego como base o lançamento mundial – essa mineira de 42 anos externa país afora parte de uma nação que é difícil de botar fé. Óbvio, a essa hora você deve ter lido, ouvido e visto coisas sobre o longa de quase duas horas. Se não, vai aí o momento (trecho de) sinopse: “Quando uma democracia termina e uma teocracia começa? Em APOCALIPSE NOS TRÓPICOS, Petra Costa investiga o crescente controle exercido por líderes religiosos sobre a política brasileira. A diretora obtém acesso aos principais líderes políticos do país, incluindo o Presidente Lula e o ex-presidente Bolsonaro, bem como um dos pastores mais famosos do Brasil - uma figura proeminente que parece manipular certos políticos como fantoches.” Esse tal pastor conhecido é, o “ator principal” desse manancial de cenas, passage...

Filme Cinema é Uma Droga Pesada não te deixa mal

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  Cinema é Uma Droga Pesada parece não ter sido bem recebido no geral. Ah, eu gostei do longa francês de quase duas horas lançado no Festival Varilux 2023 e passou nas telonas brasileiras – não sei se veio até Campão – em abril do ano seguinte. A produção dirigida por Cédric Kahn é uma comédia/drama que dá bom entretenimento. Meio que uma homenagem a quem faz e a quem ama cinema, Making Of (título original) leva o espectador aos bastidores da gravação de um filme. Nas instalações de uma fábrica, o longa traça algumas linhas, como expor os egos do diretor e das peças chaves do elenco, a pressão dos produtores em querer mudar o roteiro, a verba que acaba em meio às gravações, e a vida fora do set de filmagem das e dos principais personagens. O título original deve-se ao pedido de Simon (o diretor, interpretado por Denis Podalydès), para que Joseph (Stefan Crepon) – jovem figurante que sonha em ser cineasta – se encarregue de fazer o making of da produção. Cédric Kahn deixa claro na...

Indie, pop, intimista, que seja… desacelere com Jane Weaver

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  Meio estranho. Saturado de tudo, tanta coisa… Sintomas dos dias de hoje, quiçá... A dica da vez talvez seja uma das mais de boinha. Ou pop, sei lá. Pegar o gancho que ela lançou álbum ano passado e sugerir o som da Jane Weaver. A inglesa nascida em Liverpool tá na estrada faz uma cara e, em 2024, saiu o Love in Constant Spectable . A primeira vez que escutei o som da britânica foi há uns três, quatro anos eu acho. Jane foi citada em um texto do André Forastieri. Quem às vezes tropeça em meus nada empolgantes stories, já deve ter ouvisto segundos da música The  Revolution of Super Visions  e que começa “You look good, you look good , do you look at yourself and find nothing? do you look at yourself and find nothing?”. Então, a faixa é do álbum de 2021 Flock , que tem mais canções bacanas, dançantes como Pyramid Schemes , e Heartlow, entre outras. Alguns dizem que o som da artista, que também compõe, é guitarrista, dirige uma gravadora, é alternativo e indie. Na boa, indi...

Só vi agora, Persona, quando duas mulheres dão show de interpretação

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Momento Só Assisti Agora vem em preto e branco. Antigão mesmo. Persona, dirigido por Ingmar Bergman. Aliás, coincidência, neste mês de julho o sueco completaria 107 anos de vida. Ou, no próximo dia 30 serão 18 anos da morte do cineasta que faleceu aos 89. Para muita gente o melhor trabalho do diretor, Persona é de 1966, tem menos de uma hora e meia, e é daqueles longas que ou vai gostar muito, ficar a pensar nele, ou nem chega ao final. Sempre tropeçava em alguma imagem ou cena do filme, daí um conhecido que manja de cinema postou algo alusivo no Instagram. Perguntei se era mesmo o do Bergman ou o foi só coincidência o nome do longa. Positivo. “Eu sou meio suspeito para falar pois ele é facilmente o meu filme favorito kkkk”. Caraca! Depois dessa, bora lá assistir. Aqui no Brasil, parece que o nome do filme veio com um complemento. Considerei meio desnecessário. Persona é quase como uma peça teatral em sua maior parte. Na história, a atriz Elisabeth Vogler, interpretada por Liv Ullmann,...