Ainda Estou Aqui, ou, que mulherão foi Eunice Facciola Paiva

 

Ainda Estou Aqui, todo mundo já falou um monte, e, certeza gente que conhece muito mais de cinema que eu. Na lata assim, o filme é sobre uma mulher f..., cara. Mãe, esposa, com uma coragem, resiliência, que muitos não teriam, não têm.
Imagina, perder o companheiro, ficar na pindaíba, ser vigiada, e ainda ter forças para cuidar da prole, sacudir a poeira, e dar a volta por cima? Eunice presente.
Fernanda Torres realmente detona, vai muito bem. Sem muito o que dizer, apenas desfrutar e aprender. O núcleo da parte infantojuvenil tem atuação bacana, principalmente Luiza Kosovski (Eliana), e Bárbara Paiva (Nalu). Selton Mello sempre com interpretação correta, bem legal, também.
Fernanda Montenegro é sem palavras, né. Participação especialíssima, pra impulsionar de vez e fazer correr serenos nos olhos de quem estava na sessão ao fim das duas horas e mais um pouco. Rolou aplausos, foi bem interessante a reação. Sei lá, Campo Grande... Em dado momento confesso que esperava algum sem noção xingar ou tacar algo na telona.
Traz certa felicidade - não é bem essa palavra - saber que tem gente com empatia, do quão ruim é a ditadura, e pode ser de novo o retorno do autoritarismo. Havia um público considerável. Geralmente, quando se tem esse tipo de produção – sobretudo nacional – a sala fica vazia. Embora, no dia tinha no máximo duas sessões, eu acho.
Filme com a cara do Walter Salles. Não há imagens para chocar, subentende-se a violência com o climão no ar, em entrelinhas, sutilmente acompanhada, esgarniçada em ruídos, sons. Sem vergonha de mostrar o Rio de Janeiro belo, mesmo com as intervenções sempre a lembrar da presença dos homens de chapéu coco.
Trilha sonora muito boa. Tom Zé, Mutantes, Erasmo Carlos, Tim Maia, e por aí vai. MPB da melhor qualidade, talvez da época mais prolífica. Será? Já a trilha original é de Warren Ellis, que tem no currículo trabalho com Nick Cave and The Bad Seeds. “Fraquinho”, né.
Não li o livro, deve ser muito bom. Aceito doação. Prometo devolver se pegar por empréstimo. Gosto do Marcelo Rubens Paiva, desde quando era moleque, Blecaute (acho que já contei essa, coisa de véio repetir).
Então... o filme é “isso”. Mostra o tanto que a Eunice Paiva, e Facciolla, foi foda.
Se ainda não viu, assista. Nem liga se vai concorrer ao Oscar, só sente. Tente se colocar no lugar do Rubens, da Eunice, de alguma das filhas, do filho, pra ter ao menos parca sensação da merda que foi a ditadura, e que merda vai ser se voltar.
Já deu. Ainda Estou Aqui, mas como disse tem gente muito mais capacitada para abordar o longa. Foram só algumas impressões que tive, não alongarei mais a bagaça.
Este pitaco bebeu algumas informações de:
A trilha de ‘Ainda Estou Aqui’ é um capítulo à parte; veja músicas

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*Reeditado às 20h24 de 16/11 para corrigir:  subentende-se e não subtende-se. 

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