A saga para viajar de ônibus, ver um jogo da Copa, e voltar para a casa. Em menos de 48 horas
O vídeo acima, que mostra
parte da torcida da Bósnia na chegada à Arena Pantanal, vai ser uma das coisas mais marcantes da
aventura que foi assistir a uma partida da Copa do Mundo. Mais necessariamente
Bósnia x Nigéria.
Tudo começou quando, na
quinta-feira, um feriado de Corpus Christi, a patroa recebeu a ligação de
Cuiabá. E a proposta (quase) irrecusável: o par de ingressos para a jogo de
sábado (21) no estádio Verdão, agora, graças ao padrão Fifa, Arena Pantanal.
Eu, que já havia postado em ocasiões anteriores o arrependimento e o
conformismo em ficar de fora dos jogos do Mundial em solo brasileiro, fiquei
meio sem saber o que fazer.
Os ingressos eram do irmão, o
cunhado, que não teria como ir à partida. Pensei um pouco, um “poucão” para
falar a verdade, e não. Sem grana, tenho de trabalhar sexta e domingo, não vai
rolar. Porém, um tsunami positivo fez eu mudar de opinião. Sabe, aquela
conjunção de fatores que parecem te empurrar para algo bacana.
Se não foi isso, foi quase.
Depois de ser convencido pela
patroa, garantir as passagens de busão no melhor estilo bate e volta (sai sexta
à noite, volta sábado de noite), fui à procura de aliados. Consegui um casal de
amigos, que também topou a aventura.
Na despedida, um sentimento de
saudade ainda em Campo Grande. Creio que estava mais com cara de choro do que
os filhotes. Porém, agora já era. “Faça uma coisa por sim mesmo pelo menos uma
vez”. Essa frase vai me marcar por um bom tempo. Com o aval da patroa, foi
deflagrada a operação invasão sul-mato-grossense.
21 horas, a gente na
rodoviária. E a ida com ares de eternidade. Depois de quase dez anos, lembrei
dos tempos de acadêmico de como é complicado quando se acostuma andar de avião.
Porém, a diferença de 900 reais pesa a favor do pé na estrada.”. A presença de
passageiros (dois) que parecem ter alto falantes naturais tornou a viagem de 10
horas mais confortável. “Não é não fio? Ô fio... (interessante, os caras não se
chamavam pelos nomes). Principalmente, depois que desembarcaram já na capital
mato-grossense. Detalhes, eles também iriam ao jogo. Sem nosotros, é claro.
9h30 – chegada e começa o
apoio logístico cuiabano. Dona Cleide aparece para busca a mala do seu noro, ou
o noro do mala, sei lá, os amigos, e parada estratégica. Café da manha e o
almoço típico muito melhor do que qualquer padrão Rifa: feijão empamonado e
galinha com arroz e banana verde. Umas cervejinhas para animar, molhar o corpo
e rumo ao Verdão, digo Arena Pantanal.
Devido aos desvios demos uma
“mini-perdidinha” e advinha como pedi ajuda aos ‘amarelinhos’ da Cidade Verde?
Amigo, como é que chego ao Verdão?! Arena Pantanal é para turistas.
Por volta das 15 horas – Com
os amigos buscando a aclimatação ao tradicional calor cuiabano (e olha que tá
fresquinho, diz o pessoal), fizemos uma pausa em um bar (ou lava-jato) para
economizar dentro da Arena Verdão.
Porém, bastou a torcida da
Bósnia entoar o seu canto de ‘guerra’ para o clima da partida chegar de vez.
Importante: eu não entendi o que eles disseram, mas a melodia dá de goleada do
quase ‘fúnebre’ Sou brasileiro, com muito orgulho e tal.
Uns instantes a mais e fomos
encarar a fila. Tudo muito organizado, revista ‘rigorosa’, nossa amiga teve até
batom apreendido, mas, no fim...Conseguimos! Estamos lá ao lado do estádio.
Coisa barata aqui é tão raro quanto o tatu-bola |
Com aquela visão domingão
quase farofa: standes dos patrocinadores, fila de marmanjos para fotos com as
girls Budweiser, e, ficha para comprar o churrasquinho.
O “quase” farofa é devido,
obviamente, pelos preços. Cerveja no copo: 10 reais, cerveja americana no copo,
13 reais, Coca Cola e Água 6 ou 7 reais. Ou seja, de lembrançinha, trouxemos os
copos!
Desculpe filhão, desculpa
filhota, queria muito mesmo trazer algo. A vovó até tentou ajudar, mas um
Fuleco de pelúcia pequeno custar R$ 70, camisetas que vão daí até 100 e poucos
reais. Para o meu padrão Rifa, não deu. E, vamos ao que interessa.
Adentrar ao estádio. A esta altura, mais ou menos uma hora para começar o
“clássico”. Momento voluntários: Graças a estes prestigiosos personagens,
gastamos calorias preciosas por indicarem o setor oposto ao do nosso.
Resultado: enfrentamos sem reclamar quatro andares de escadas duas vezes.
Por fim, chegamos! Visão
privilegiada!
Muita emoção. Feliz demais de
estar lá. Ainda quando tocam os hinos (imagino como ficou os franceses em Porto
Alegre), arrepia. E dá-lhe fotos via celular, mensagens e tal. Compartilhar a
alegria.
O jogo em si não foi aquelas
coisas. A torcida animava como podia: com olas, ora gritando Bósnia, ora
Nigéria. E, o gol africano justo quando aquela “canção” brasileira ecoava nas
arquibancadas.
No segundo tempo, um misto de
torcida para a Bósnia, confesso que simpatizei com a torcida deles, e o medo de
perder o ônibus.
A dez minutos para acabar a
partida, demos início à última parte da nossa logística. Deixamos nossos
lugares e partimos para encontrar com a responsável pela nossa logística de
plantão.
Sucesso total! Tempo
suficiente para faturar uns salgados na padaria e chegar à rodoviária às 21h,
vinte e quatro horas depois de termos saído da Cidade Morena e 30 antes do nosso
retorno.
A volta foi tranqüila. Na
minha cabeça e coração, a ansiedade de ver logo a família logística, lógico,
daqui.
O Momento Milton!
Poderia ser mais tranqüila, caso não tivesse alguns passageiros tipo “A
Praça é Nossa”. – Ô Milton, ô Milton?!, - O que é? – Vai catar coquinho! – Ô
Milton, não gostei de Chapada dos Guimarães, prefiro Alcinópolis. –Ô Milton, se
eu fosse rico, mandaria fazer uma banheira do tamanho de Cuiabá! –Ô Milton, eu
com os caras da banda fomos chamados para tocar em Porto Alegre. Mas, eu não
quis ir, é muito frio. E, para fechar, - Esse quebra-mola é do tamanho do cume
do Pico Everest!. Ah, lembrei de mais uma: “Que Brasil que nada, quem vai
ganhar a Copa é a Yolanda!”.
Menos mal, que ele e o Milton
desceram em Coxim, uma das paradas até Campo Grande.
Vai ficar na lembrança
Às 8h30, desembarcamos. Cena
clássica, os filhos correndo para abraçar o pai desnaturado, que os deixou para
ver um jogo de Copa do Mundo. Foram menos de 48 horas, mas parece ter durado
dias. Chegamos cansados, mas com muitas histórias (algumas inesquecíveis) para
contar. Um final feliz.
Menos para a Bósnia, né
Milton?!
Obrigado a todos. Quem sabe,
na próxima, organizemos uma caravana, uma nova invasão sul-mato-grossense?
Nota: “Já entrevistei 44
campo-grandenses hoje (sábado) de manhã que vieram para ver os jogos”, disse a
pesquisadora da FGV, sobre turismo interno durante a Copa, na rodoviária de Cuiabá.
Momento sobe letrinhas:
Apoio logístico Campo Grande – Fernanda Prado ‘Patroa’
Santana
Apoio logístico Cuiabá – Cleide Maria ‘Sogra’ do Prado
Patrocínio – Hiram Marques ‘Cunhado’ Santana Filho
E a todos que se sintam parte da aventura
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