Só vi agora, Hannah Gadsby - Nanette, faz rir até não poder mais. E não pode mesmo

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Que pedrada é esse stand-up Nanette, de Hannah Gadsby. Fazia uma cara que não via este tipo de apresentação. Sei lá, de uns anos para cá me pareciam mais do mesmo. Ou, eu tava apenas saturado.

Esta performance da comediante australiana – tá na Netflix – é diferente. Iria dizer que é outro patamar. Porém, talvez ficasse pre-tensão demais.

Cheguei até Nanette por meio de um comentário que li no Substack (onde sou um fiasco pior do que sou nas redes em geral, mando bem mal). A pessoa respondia a um texto em que a autora meio que defendia o novo livro da Tati Bernardi.

Daí, no comentário, a resposta veio acompanhada de que Nanette aborda criticamente essas ironias/sarcasmos utilizadas geralmente nestes textos que lidam com minorias, preconceitos, machismo e tais. Foram respostas de alto nível, sério. A responsável pelo post também assistiu ao stand-up da humorista australiana – hoje com 47 anos - e gostado muito.

Assisti no fim de semana que passou. Antes, vi o trailer e nele meio que antecipa o que viria por meio de Hannah Gadsby. Gravado em Sydney Opera House, o show começa maomeno como todo stand-up de comédia. Piadas, situações vividas pela protagonista. Ah, esqueci de um detalhe que faz muita diferença. Ela é lésbica.

Hannah conta que nasceu e passou a adolescência em uma cidade pequena da Tasmânia, e altamente religiosa. Entendeu, né?! Lembra entre risadas do público da reação da mãe quando da revelação da homossexualidade da filha. De alguns perrengues que viveu nos anos 90 por decorrência de ter saído do armário

Nanette é de 2018, e a comediante já tinha a experiência de palco iniciada em 2006, pouco tempo depois havia vencido um prêmio nacional e viu sua carreira decolar. Com essa maturidade, domina o microfone e guia a plateia em misto de risos e tensão crescente. A produção com a chancela da Netflix catapultou seu nome para fora da Oceania.

Do meio para a frente do show, Hannah progressivamente deixa o ar engraçadinho de lado e chuta o balde. Um dos alvos é a arte moderna e sua história dominada por homens. Detona com contundência Pablo Picasso, e pincela Da Vinci, Michelangelo e afins.

A australiana é formada em História da Arte e questiona fortemente o aspecto nada atencioso dado às mulheres. “Ou era virgem ou vagabunda”. No limite da ironia e da raiva, comenta que nas pinturas, as mulheres não tinham esqueleto perfeito. Sempre com poses escoradas em algo, não sabiam sentar a bunda na cadeira, e, ops, deixavam cair um peito para fora do vestido. Quando não estavam nuas em meio à floresta ou em casa diante de um vaso de flores que representava o pinto do artista.

E, olha só, Trump é citado. Bem como um ponto de vista reverso no caso Bill Clinton/Mônica Lewinski. A cada revelação ou questionamento pertinente, Hannah encerra com um riso enigmático. Não sei se é pra passar cinismo, satisfação, tristeza, raiva, ou um pouco de tudo.

Evitarei dizer mais coisas sobre os assuntos de Nanette. Apenas que a sensível artista faz necessária provocação: vale a pena fazer piadas sobre questões de gêneros? Qual é o efeito disso? Quem sofre por ser alvo de misoginia, ou por ser lésbica, ou por ser gay, realmente se sente melhor ao usar o humor para “curar feridas”?

Ao longo de pouco mais de uma hora, Hannah Gadsby prova porque Nanette foi muito bem recebido pela crítica da época, por essas bagaças de agregadores (sinceridade constrangedora, eu não tenho ideia de como é ou funciona o tal Rotten Tomatoes, em que a gravação teve 100% de aprovação), e certamente por quem defende a diversidade.

Difícil não se emocionar em algum instante e, ao mesmo tempo, deixar de pensar no catatau histórico/pessoal injetado por ela. Pesado.

Talvez não concorde com tudo, mas se não levar em consideração uns 90%, creio que não te agradou e pra mim, isso está longe, bem distante de ser bom. Foi mal.

É isso. Se ainda não assistiu, fica a dica. Baita dica. Rindo ou não.

Ah, só fui descobrir que tem uma “continuação” de Nanette ao fim deste post. Óbvio que assistirei Douglas .

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