Meio arrastado, A Colheita é um microcosmo sobre mazelas

 

Cartaz do filme Harvest - A Colheita, 2024

Assisti esses dias A Colheita. O nome é meio comum para filmes, esse é de 2024, dirigido pela grega Athina Rachel Tsangari, tem coprodução da Alemanha, Reino Unido e França, e leva o nome original Harvest.

O longa tem pouco mais de duas horas e fiquei matutando motivos dos quais foi bem recebido por parte da crítica. Se ainda não assistiu, basicamente o filme se passa em uma região humilde, trata-se de um vilarejo de gente “simples”, que um dia tem de lidar com a presença de três invasores: dois homens e uma mulher.

Narrado por Walt (Caleb Landry Jones), um dos moradores do local, A Colheita tem um ritmo que, de repente, é meio devagar de propósito. A comunidade tem ar conservador e é liderada pelo Mestre Kent (Harry Melling).

Embora queira passar ambiente tranquilo, nota-se um clima tenso, em que sobretudo algumas mulheres se mostram incomodadas com o modus operandi. Athina Tsangari carrega em tons áridos, mesmo nas imagens da colheita propriamente dita, como em detalhes do barro, lama, do jeito “tá ruim mas tá bão” do lugar. Estética, arrisco a dizer, com um quê de Cinema Novo.

Até em momentos que a galera parece se divertir, enche a cara ao que tudo indica no único dia do ano em que se pode exagerar sem medo de alguma punição, o jeitão denso se espreita.

Imagem da festa em vilarejo de Harvest

A Colheita é classificado como faroeste e drama. Confesso que nem tinha notado a pecha deste primeiro. Indicado ao Leão de Ouro do Festival de Veneza como Melhor Filme – quem ganhou foi The Room Next Door, de Pedro Almodóvar – o longa lembra aquelas histórias de comunidades isoladas que pensam com o fígado ao ter de encarar o diferente.

Talvez uma das principais diferenças no roteiro, que também tem a participação de Joslyn Barnes, é a questão da terra em si. Mais do que a modernidade notada em várias resenhas do filme.

Em meio a uma boa direção de fotografia proporcionada por Sean Price-Williams, os personagens principais tomam rumos diferentes e a reviravolta vem a conta gotas. Mas, vem.

Thalissa Teixeira tem participação marcante em Harvest - A Colheita

Relegadas a segundo plano, uma das vozes fortes do núcleo feminino está em Mistress Beldman, misteriosa forasteira, que, olha só que interessante, expressa frases em português. Cara, a britânica Thalissa Teixeira manda muito bem.

Do lado do vilarejo estilo Idade Média, outra britânica, Rosy McEwen protagoniza o lado que mais se ferra. Não só nesses casos, mas em quase todas as situações e épocas. Ela vive Kitty, que tem uma relação meio platônica, meio que não com Walt.

Aliás, o protagonista-narrador é figura que, a depender de quem assiste, dá nos nervos. Vai ver, seu jeito impotente e anti-conflito demais é metáfora do que pensa a diretora sobre o homem. Em um “quase” eterno, prefere a zona de conforto. Mesmo que nem seja tão confortável assim, no caso. Ou, viajei mesmo.

Ao que indica, A Colheita se passa em sete dias que viram o cenário do vilarejo de modo irreversível. Eu não reparei nesse lance tempo.

O longa dá a guinada com a chegada de Jordan (Frank Dillane), outro mestre e bem familiar a Kent. Ele tem um plano. Bem ou mal – terá de ver se não periga sair um spoiler por aqui – o novo sempre vem. Para tirar ou botar as pessoas do mapa. Literalmente. Questão de território dá problema desde sempre. No planeta todo.

É isso. O longa é daqueles que fico a questionar os motivos de ser bem falado. Engraçado, depois de escrever as groselhas por aqui, subiu no meu conceito. Ainda fico com a opinião de não ser um filmão. Entretanto, pensando bem, pela fotografia, sacadas interessantes, e atuações idem, Harvest pode valer a dica. Assisti na Mubi. Parece que na Apple TV também rola.

Deu.

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