Agressor não pode ser chamado de torcedor

*Texto meu publicado na edição de hoje (25) do jornal O Estado MS

Falar o quê da seleção? Seria chover no molhado, ou cair no buraco se você mora e tem de encarar as ruas de Campo Grande. Jeito é esperar na terça-feira por mais uma vitória do Brasil. E, se perder, não vai ser nada assim tão catastrófico como o que acontece hoje com a nossa Previdência, saúde e educação. Nos dois casos, a coisa vai ficar russa. Mas de jeitos bem diferentes.

Dito isto, acabei perdido em meus pensamentos em assunto que parece replay. E, peço perdão, mas, se não falei sobre, o que acho difícil, escreverei agora. Nem adianta querer vir me bater. Passou da hora de parar de chamar valentão de torcedor. Nesta semana, no Rio, cinco pessoas foram presas por suspeitas de matar um botafoguense. Daí, o quinteto é tachado de “torcedor do Flamengo”. Torcedor torce. Quem agride não. Em São Paulo, três “torcedores corintianos” são presos por morte de palmeirense.

Os clubes, times, são maiores que qualquer pessoa. Formados, mantidos e vivem da paixão dos torcedores. E que ama não mata. Sofre, xinga durante o jogo, vaia, fica com raiva. Mas longe de querer brigar com o admirador da equipe rival. Aguenta a brincadeira porque uma hora ele vai adorar bater no peito e dizer que chegou a sua hora de comemorar.

Esses sem-noção que dizem ser “torcedores” têm de ser identificados e presos. Ou, pelo menos, impedidos de assistir aos jogos. E que sejam citados pelo que são. Se é estudante, trabalhador, empresário, desempregado, etc. “Homens agridem torcedor de time tal”, é mais verdadeiro e não joga o torcedor-torcedor no mesmo balaio desses que se vangloriam de arrancar a camisa do adversário. Vai dizer que você se sente confortável em ler que gente que diz ser do mesmo time que o seu cometeu essas asneiras? Eu não.

“Ah, mas é culpa das torcidas organizadas. Tem de acabar com elas.” Sinceramente, não sei se extinguir esses grupos por meio de uma assinatura resolve. Gosto muito das festas e das recepções que fazem nos estádios. Às vezes até em aeroportos. Sem violência o trem fica bonito

Com tanta tecnologia, e, na boa, quando existe vontade, separar o joio do trigo pode ser trabalhoso. Mas está longe de ser uma tarefa impossível. E, aí sim, se as organizadas desenvolvem ações fora da lei, que se aplique a justiça. Com o tempo, é provável que ou a organizada se fortaleça ou perca a força. Depende do caminho a seguir.

Sim, o assunto rende bem mais do que 90 minutos. Entretanto, parar de chamar “esses” de torcedores seria um começo. Fiquemos na torcida. Abraço.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aluno com a camisa assinada pelos amigos é bem fim de ano

Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.

Educação nos EUA sob ataque conservador é mais do que um aviso