Culpar o juiz é ficar somente na superfície

*Texto meu publicado na edição de hoje (15) do jornal O Estado MS

Acho que a PEC 241 só pode parecer simpática para os torcedores do Flamengo no Campeonato Brasileiro. Pois 2+4+1= 7. Sete é hepta! Brincadeiras à parte, espero que esta proposta não seja de fato, como parece, aprovada. Falo dela por aqui pois mexe com tudo que é setor do nosso Brasil varonil. E, assim sendo, respingar no esporte é uma hipótese plausível. Como esse temeroso povo tem afeição por mudar as regras a bel-prazer, torço até para que o panorama do jogo se altere. As ruas do país, assim como os estádios de Campo Grande, estão em um silêncio de doer. Difícil.

Na verdade, toda essa introdução serve para mostrar o quanto o futebol reflete o que somos (na maioria). Miremos o caso do Fla-Flu de quinta-feira. O juizão invalidou o gol do zagueiro tricolor. Depois, pressionado pelos jogadores do time, recuou e validou o lance. Daí, veio o pessoal do Mengo e botou pilha para que o gol de empate fosse impedido de ser confirmado. Há suspeitas fortíssimas de que alguém fora das quatro linhas teve acesso às imagens, e que, realmente, o gol foi ilegal. Pronto, dilema construído. O que seria o correto? Validar o gol? Anular o tento depois de suposta ajuda vinda de fora do campo? Qual fosse a decisão do árbitro Sandro Meira Ricci e seus auxiliares, a confusão já estava formada.

E, adeus ao jogo em si. Atletas, técnicos, esquema táticos, tudo que fez parte do clássico ficou para escanteio. Dá-lhe achar um culpado, torcedor começa falar em armação, em manobras de lado a lado. A preferência ou a antipatia por este ou por outro clube dita o ritmo da discussão.

Enquanto isso, perde-se outra oportunidade de pressionar os verdadeiros donos da bola, CBF, Fifa, para pelo menos  testar a tecnologia como apoio ao apito. No Brasil, uma discussão mais a fundo de profissionalizar os árbitros, de melhorar o nível (se é que ele realmente está baixo), de mudar a forma da escolha dos juízes.

Entretanto, desperdiça-se quantidade considerável de energia na superfície, motivados por bairrismos, clubismos, e outros ismos. Para, daqui a alguns dias, semanas, o assunto ficar a esmo. Até que nova polêmica apareça. Um impressionante caminhar em círculos, com ilusórias paradas para renovar o ar, mudar algumas peças, aquela sensação de que as coisas vão melhorar. E, fica na mesma. Situação tão parecida com outras coisas que acontecem agora neste Brasil... não?!
Abraço.

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