Bem ou mal, mas temos autódromo

*Texto publicado na edição de hoje (12) do Jornal O Estado de MS

Eis que em um ano em que começou meio paradão, o autódromo de Campo Grande recebe no fim de semana, uma etapa da Stock Car depois de quatro anos. O mesmo tempo em que o Flamengo ficou longe do G-4 do Brasileirão. Tudo bem, amanhã pode ser que aconteça algo e #NaoHouveCorrida, ou o time de maior torcida do Brasil faça seus milhões de seguidores acreditarem que foi apenas um sonho ver o clube de volta à zona da Libertadores.

Foco o autódromo novamente! O circuito campograndense, mesmo sem a atenção, manutenção, pistão, comunicação, e tantos aos necessários, será palco de seu terceiro grande evento nacional. Em abril, os caminhões da Fórmula Truck reapareceram lá na saída para Três Lagoas, e no mês de julho, o pessoal da Moto 1000 GP se equilibrou em duas rodas na pista que tem a reta mais longa entre os autódromos do país.

Sinal de prestígio, está com moral a cidade, o autódromo, hein?! Menos, menos. O que influenciou e muito este “baby boom” é a falta de circuitos em condições mínimas para receberem estas competições. O autódromo de Brasília está mal das pernas. No Rio de Janeiro, atualmente, “no hay pista”, em Fortaleza, distância dos boxes e largura da pista freiam a ida da Truck, e em São Paulo, o calendário para “queimar” pneu em Interlagos é concorrido.

Aí, o autódromo da Cidade Morena da pista abrasiva, que é alvo de ironias do pessoal de fora, sobre a falta de estrutura do circuito cai como luvas, macacão, capacete e tudo o mais na temporada nacional do “auto-moto-bilismo” tupiniquim. E, para organizadores, tem o lado bom: o traçado da pista é interessante, os boxes são espaçosos, o público até que comparece, e há muita visibilidade na mídia.

Calma, se você acha que estou criticando os eventos, não é bem por aí. Tudo bem, um pouco. Mas, tem o lado que movimenta a rede hoteleira, o pessoal deixa uma grana por aqui, e, queira ou não, são opções de esporte e lazer que muito Estado talvez quisesse receber.

E, a gente não tem culpa das corridas caírem nas “graxas” de Campo Grande. Se o estádio está interditado, o principal ginásio idem, piscina olímpica inexiste e a pista decente de atletismo fica só na promessa, pelo menos, bem ou mal, temos um autódromo. Mesmo com os esportes a motor ás moscas em nível local, grandes eventos ainda vêm porque temos um bendito, ou maldito, sei lá, de um circuito. É, ou não é?!

Lá vai eu bater na mesma teclaaaaaaaa... A despeito de que muitos argumentam que não adianta ter um estádio bom ou um complexo esportivo capaz de receber competições de alto nível porque, “não tem nem time, nem tem equipe profissional, atleta ou nadador de destaque”.

Sim, concordo, o ideal seria o pacote completo. Bons times, profissionais, talentos brilhando, de igual para igual com os grandes centros, acompanhada de instalações esportivas que não dê margem para reclamações (ás vezes, convenhamos exageradas). Só que, tempo de despertar, a curto e médio prazo o horizonte é desanimador. Sejamos realistas, o esportista campo-grandense e sul-mato-grossense é, antes de tudo, um forte. Apoio público e privado são miragens. Quando muito, exportamos ou vemos as nossas promessas se destacarem fora do Estado.

Então, que minimamente deixem as peças do nosso imóvel Campo Grande em ordem. Quem sabe, assim, tenhamos de volta jogos da Série A, amistosos de seleções de futsal, handebol, partidas da Liga Mundial de Vôlei (sim, tudo isso já passou por aqui), e consigamos receber competições de grande impacto na natação e no atletismo.

Se vai render frutos, não sei. Vai que alguma mente brilhante e/ou abnegada enxergue o potencial do esporte e invista internamente.

Do jeito que as coisas andam, é melhor arrumar a casa para que seja alugada do que ela ficar vazia, juntando sujeira ou sendo deteriorada pelo tempo.

Abraço

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