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Mostrando postagens de junho, 2025

Dos anos 70, animação Planeta Fantástico é um achado artístico

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  Esses algoritmos às vezes dão bom. Instiguei a assistir Planeta Fantástico por ao menos duas razões. É uma animação, e com chamariz de, em 1973, receber o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Cannes. Daí calhou dele ter pouquinho mais de uma hora (72 minutos para ser exato), e, beleza!, caiu perfeito para ver qualé que é antes de esboçar a janta do domingão. De quebra, em instante raro como alinhamento dos planetas, meus críticos preferidos toparam ver o longa. No momento Só Assisti Agora da vez, La Planète Sauvage (título original), é ficção científica com ares filosofais, sociais, e muito, muito acurado na parte artística-criativa. Vai fundo no psicodélico, lisérgico, e tal. Ainda mais se levar em conta que foi produzida há 52 anos. Eu nem tava nos planos de vir a este mundo. Ao passo de que os principais responsáveis por esta obra atemporal não estão mais por aqui. A animação coproduzida entre França e a então Tchecoslováquia (hoje dividida em República Checa e a E...

Se pensa que Pacarrete é ‘só’ comédia, você dança

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Admiro Marcélia Cartaxo. Tudo bem, com um atraso de uns quatro anos, parei para assistir Pacarrete. Admito, um pouco por causa do “tem tanta coisa na lista” que tu vai deixando,  deixando... Outro pouco foi devido a não ter tido acesso antes. Aliás, Marcélia também está em produção bem mais recente: Lispectorante. Torcer para aparecer em alguma telona de Campão. Ou, vai, em algum streaming da vida sem muita demora. Curioso para assistir.   Pacarrete, se desconhece ou deseja relembrar, é de 2019, 2020. Cartaxo ganhou uma pá de prêmios por sua interpretação. No longa do diretor Allan Deberton, cearense nascido em Russas, ela protagoniza Pacarrete. Pego a sinopse lá da Wikipédia   pois achei certeira.  “É uma bailarina incomum que vive em Russas, no interior do Ceará. Na véspera da festa de 200 anos da cidade, decide fazer uma apresentação de dança, como presente para o povo. Mas parece que ninguém se importa.” A comédia de quase uma hora e quarenta minutos é ...

Califórnia e os anos 80 não foram tão perdidos assim

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Tropecei nesse filme depois de um post no Instagram . Há uns quatro meses, por aí. Califórnia, com C mesmo. O com K ( Kalifornia ) é bem mais conhecido, com Brad Pitt, Juliette Lewis e tal. E, mais antigo, de 1993. O do momento Só Assisti Agora é brasileiro, dirigido por Marina Person, e saiu no fim de 2015, parece. Porém, ele é ambientado maomeno nos anos 1980 e em Sampa. O longa de hora e meia é de boinha. Já a maioria das músicas da trilha sonora  dá uma bela playlist, cai como uma luva para o quarentão (e mais uns quebrados) que escreve as groselhas por aqui. Cara, quando logo no começo do filme entra Joy Division é apelação. Depois tem mais coisas (Bowie, Cocteau Twins, Siouxsie And The Banshees).  Não sei você, eu fico tentando lembrar o nome da música enquanto passa na cena. Marina Person fez parte dos primórdios e da fase de ouro da MTV Brasil. Talvez por essa razão, quem viveu a época vai lembrar ou associar a pegada da edição, músicas, ideias e tal. Pra variar optei ...

Só vi agora, difícil ficar indiferente ao Transtorno Explosivo

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  Transtorno Explosivo é daqueles filmes difíceis de vários jeitos. Ponto pacífico é a atuação de Helena Zengel. Destruidora, na época, com 11 anos. Filme alemão, de 2019, dirigido por Nora Fingscheidt, ganhou tudo quanto foi prêmio na época de seu lançamento no país de origem. E foi a indicação germânica para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Pois é, só fui saber disso no fim de semana, depois de passar umas duas horas e mais uns bons minutos a processar a pedrada. Sobretudo para quem tem gente bem mais nova que você para dar conta. Zengel, hoje com 17 anos, é Benni. Garota de nove anos que, momento sinopse, “já se tornou o que os serviços de proteção infantil chamam de ‘destruidora de sistemas’ e não pensa em mudar. Ela tem um único objetivo: voltar para casa e ficar ao lado de sua mãe”. Tropecei no System Crasher (título em inglês, no alemão é Systemsprenger), pelo Sesc Digital. Baixei o aplicativo faz menos de semana. É de grátis e tem coisas legais por lá. No c...

Pós punk em português não é blasfêmia, Jovens Ateus

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  Tá ligado, Joy Division , né. Motorama , talvez   (também fiz uma resenha dos russos por  aqui ).  Ficar nessas duas pra dizer que Jovens Ateus lembrou eles. Cheguei ao som dos caras de Maringá, interiorzão do Paraná, agora radicados em São Paulo SP, pela dica do podcast Resumido   A formação do quinteto começou lá por 2020 durante a pandemia. Dei uma pescoçada e, pelo que entendi, aos poucos, o grupo começou a ganhar espaço e foram para a cidade grande porque, infelizmente, hoje ainda é bem mais difícil viver de arte fora do eixo sudestino. Neste ano, a banda composta por Guto Becchi (vocal), Fernando Vallim (guitarra), João Manoel (guitarra), Bruno Deffune (baixo) e Antônio Bresolin (sintetizador, bateria), lançou o Vol.1 . Primeiro álbum com onze faixas. “As memórias que me levam Ações que morreram Das lembranças que me restam Já não sobra mais nada” O trecho acima é Espelhos e reflete mais ou menos o material da Jovens Ateus.  Em humilde opinião,...

Só vi agora, talvez Trem Mistério te transporte a uma época mais leve

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  Gostaria de falar algo sobre festa junina e tal. Porém, não rolou. Fato é que fim de semana invernei na minha goma. Assisti via YouTube, um showzão do Nick Cave em Paris . E no dia seguinte, acabei no Trem Mistério. Assisti na Mubi, mas sei lá, deve ter em outros lugares. Mystery Train (no original em inglês) é de 1989. Passou no Brasil no ano seguinte. Tem direção de Jim Jarmusch. Cara, ele dirigiu filmes de mais destaque, ao que parece. Eu vi há um tempão, o Daunbailó (1986), e, sinceramente, teria de rever para relembrar. Em Trem Mistério, o diretor estadunidense monta um longa de quase duas horas com comédia meio non sense em meio a locações decadentes, diálogos inteligentes, e boa música. O pano de fundo é Memphis, Tennessee. Pelo início, a ideia é a de que um casal japonês chega por lá para visitar lugares marcantes por Elvis Presley. Como Graceland, casa lendária do Rei do Rock. Mas, na real, o filme é daqueles com histórias paralelas e tal. Lembra talvez um pouco coi...

Só tropecei agora em Manal, classicão do blues argentino

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  Em uma das cenas de O Eternauta , Juan (Ricardo Darín) está com um grupo de sobreviventes meio borocoxô e tal. Daí puxa uns versos em que o refrão é “Jugo de tomate frío! Jugo de tomate frío! En las venas, En las venas, deberás tener!” (Suco de tomate frio! Nas veias deverá ter!). Cito a passagem pra ilustrar que não conhecia o som da Manal . Os caras foram um dos percursores do rock argentino e pioneiros do blues cantado em castelhano .  O trio formado em 1968 em sua formação original reuniu o guitarrista Claudio Gabis, Javier Martinez na bateria e voz, e Alejandro Medina no baixo e voz. O álbum que leva seu nome de 1970 é clássico por lá. Com justicia. Além de Jugo de Tomate, entre outras faixas boas, contém Avellaneda Blues, e Porque Hoy Nací. Esta última é a que acompanha o encerramento da produção da Netflix. Letra em modo puro suco de blues: Hoje eu entendo o que está acontecendo, sim Hoy adivino que me pasa, sí Porque meu nome não sou eu Porque mi nombre no soy y...

Episódios Buenos com Aires de ficção. Assim é O Eternauta

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Antes de assistir O Eternauta tinha outra ideia do que viria. É ficção científica, basicamente, com drama, aventura e tal. Dirigido por Bruno Stagnaro, imaginava a produção argentina via Netflix,  com tons mais politizados e tal.  Baseada em história em quadrinhos – quero muito ter acesso - escrita por Héctor Germán Oesterheld, cuja história de vida é findada pela ditadura argentina, a minissérie vale a pena dar uma espiada.  Momento sou suspeito: gosto muito das interpretações de Ricardo Darín. Em humilde opinião, é dos melhores atores da América Latina, quiçá do mundo. Aos 68 anos, o versátil argentino protagoniza El Eternauta na pele de Juan Salvo.  Agora, momento meio que sinopse: a bagaça começa com umas minas passando a noite, comemorando algo, em veleiro perto da margem, quando o tempo começa a virar. Ao mesmo tempo em que Juan se dirige para a casa de um amigo, onde se juntam a mais dois para jogar truco espanhol (comentário aleatório, acho mais divertido que...