Vai um rock de boa? Pede A Diabra do Mato, Pé de Garrafa
Reprodução da Diabra |
Opa, beleza?!
A dica da vez é bem Campo Grande. É nova e, ao mesmo tempo, me remete a coisa antiga, bons tempos, sobretudo década de 90, início dos 2000.
Blues Band, Bêbados Habilidosos, Renatão, Alex Batata, Pitty Pizzaria, Farol, Sucão (o que era perto da UFMS), Boteco, e por aí vai. Mal aí novinho, novinha, são alguns dos nomes que vieram à minha cabeça. Bandas, nomes, bares, sons. Muito som.
Corta para 2023. Certamente os picos são outros. Mó tempo ausentado das noites. Enfim...
Vai aí uma sugesta de trilha sonora antes, durante e depois de você perambular por aí, Campão adentro, principalmente no fim de semana.
Escute o primeiro trampo do Pé de Garrafa. O álbum Diabra do Mato vale ao menos uma escutada se você gosta do bom e velho rock (municiado pelo blues e seus comparsas de ritmos), dificilmente deixará de gostar da maioria das faixas.
Formada em fevereiro do ano passado, os caras do Pé de Garrafa são conhecidos por quem curte um barulho bom daqui da terrinha. Tem Heitor Menezes, vocal e guitarra, Rodrigo Gasparetto, também na guitarra, o baterista Renan Max Faetti, e o baixista Marcelo Rezende. Este último, único que conheço, gente boa, e portanto, sinceridade constrangedora. o risco da parcialidade - ou não - deve ser levado em conta.
Escutei, e bebi da fonte do Spotify, mas me disseram estar em todos os streamings. Então, bora lá, ouvir.
O álbum Diabra do Mato começa com… A Diabra do Mato.
Puro suco de blues campo-grandense, na música a narrada daquelas fitas tipo presepada de fim de noite. É uma boa pedida para iniciar os trabalhos.
O vocal do Heitor tá bem bacana, e Roleta me lembra um som Barão Vermelho. Ou coisa parecida. Acho que vai bem, né.
“Nunca mais andei seguro com alguém perto de mim.
Nunca mais dormi tranquilo, não consigo viver assim .
Fui morar nos seu Lábios de Cana, pensei ser melhor pra mim
Pra esquecer de você só sacana, me afoguei num butiquim”
Essa é muito a cara, pode ser até homenagem, referência ao bom blues que flerta com o melancólico…
Para dar uma desencanada, a balada segue com Não Me Canso.
Depois Divina Tragédia remete a Cazuza, eu acho. “Na vida, sou resistência!”. Isso ai.
Ow, Tuiuiú Azul talvez seja a faixa que mais difere das demais. Tem uma pegada folk (ou country,não sei diferenciar muito), que me lembra uma banda que conheci este ano e conta com algumas músicas legais: a Drive-By Truckers, lá Georgia, dos States. Depois, escuta essa música aqui, a My Sweet Annette. A diferença é que no caso dos gringos, as canções são mais sérias.
A do Tuiuiú foi a música que mais gostei. A primeira que adicionei na minha playlist. Na primeira vez que escutei, já rolou um sentimento. Uma bateria crua, um dedilhado bacana, uma letra, cara, só escutando. A galera devia estar muito inspirada nessa hora:
“Veio um amigo meio entediado em pleno sábado
Decidimo assar uma carne no meio do mato
Lá no meio do pasto, uns cogumelo encontrei
Eu nunca mais vortei
As árvores que eram verde, ficaram tudo azul
e os jacarés pareciam um tuiuiú
Com cerva e charola eu me sentia como um rei
Eu nunca mais vortei
Voltar pra quê, se na cidade só querem me fuder
Aqui no meio do mato, eu levo a vida que sempre quis ter
Os jacaré azul e as árvere parecendo os tuiuiú. “
Psicodelia rural à parte, o trampo do Pé de Garrafa segue de boa, sem baixar a qualidade na execução, na gravação.
Dobro ou Nada é canção de amor. Porém, cuidado, sempre há o risco de você mandar ou levar um “Sai fora daqui!”
Antes que você reclame, em Antena, o Pé avisa que “não veio para agradar esse povo tão carente”.
Se fosse uma série, Rastros Perdidos poderia ser o episódio seguinte de Dobro ou Nada. Heitor gasta a voz nesse lamento estilo “me ferrei, meu bem volta para mim (e, na vida real, geralmente dá ruim)”.
Só falta o copo, um bar, uma sala, ou qualquer lugarcom a dose que salva. Dona Música, opa, esse é de outro baita talento. Perdao pelo devaneio.
Os caras da banda - Reprodução |
Calma, o álbum termina “Louco para Caralho”. Porque, como tá escrito lá na apresentação da banda: “Com a filosofia de que, pedras que rolam não criam limo, os membros do “Pé de Garrafa” seguem colocando todo mundo para dançar ao som do bom e velho rock and roll.”
Ouve aí, em 40 minutos dá para escutar todas (e de repente, beber umas também, ué?!), sem aquelas músicas de trocentos minutos, de solos e nuances intermináveis.
Até porque daí já cai em outro tipo de rock, que não vem ao caso ao menos agora.
Como disse, duvido que não goste de nenhuma das dez faixas.
Qualquer coisa, diga o que achou. É isso.
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