Mercado da bola, no Brasil, é muito mais do mesmo; só que com viés de baixa

*Texto meu publicado na edição de sábado (7) do jornal O Estado MS

Primeira coluna de 2017 e, convenhamos, estamos ainda a aquecer corações e mentes, no processo de desopilar 2016, que foi do capeta. Com a maioria dos esportes de férias, vôlei da Superliga e NBB do basquete em ritmo morno, um dos focos ou assuntos que sobram é o do “mercado da bola”.

Que, até o momento, parece com o resto do Brasil, ou o brasileiro: retraído, desconfiado. Aquela euforia de todo ano, de doideiras de clubes contratarem a rodo, parece coisa de um distante passado.

Só para se ter uma ideia, pessoal aponta o Palmeiras como o time que mais abriu a mão, entre os grandes da Série A. Até hoje, 6 de janeiro, foram sete reforços. Nada daquele ar de liquidação de anunciar um time inteiro. E olha que é o atual campeão brasileiro. Imagina os outros.

E, convenhamos, contratação de peso não temos. Ou você cravaria algum reforço anunciado pelo eixo Rio-SP, Sul-Minas, melhor que Gabriel Jesus?

Existem boas perspectivas, como o venezuelano Guerra, que brilhou na Libertadores com o Medellín, mas encerrou o ano na reserva. Quem sabe novos ares façam bem ao meio-campista.

Também tem o retorno de Montillo, de Conca, Thiago Neves e de Felipe Melo. Não sei, parece muito mais do mesmo. Aquela coisa: já ganhei dinheiro fora e agora volto para o Brasil, onde ainda me amam e consigo seguir com um salário “digno”.

Nada contra, mas outro detalhe que corrobora a regra é a de que as “grandes” contratações brasileiras têm jeitão de flashback. Tudo bem, pela Carteira de Trabalho raramente alguém conseguirá se aposentar no país, mas, no caso destes medalhões, arrumar emprego para eles é desnecessário.

Brincadeiras à parte, infelizmente é o que temos para hoje no futebol nacional das Séries A e B. Competir com a Europa e com a Ásia, sem chances. Aí, ano após ano, a coisa funciona assim: a gente exporta o talento no auge. Daí eles brilham, os Barcelonas, Real Madrid, Chelseas, Bayern, Juventus da vida ganham em cima. Usam até achar que já deu.

Daí os caras, que já não são tão baratos para os gringos, liberam ou dão indiretas para o brazilian player... go home! E os jogadores, com seus 30 e poucos anos, caem na real de que é hora de dar lugar para os mais novos, junta a saudade da terrinha, a badalação que ainda terão, e pronto. Redes sociais, declarações para a torcida e pé- de-meia feito com mais uns anos de lambuja.

Claro, generalizei. Um ou outro mais aficionado pelo time ou pelo futebol vai lembrar de nomes que rebatem esta teoria simplista. Mas que tem muito de verdade.

E não é falar mal. É ser realista para, quem sabe, em médio e longo prazo a gente entender como funciona este processo e desfrutar as nossas joias. Acho que agora fui otimista. Ou seria ufanista? Se bem que do jeito que se anuncia 2017...
Abraço.

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