Ainda estamos a falar da Chape. Que bom, espero que ajudem

* Texto meu publicado na edição de ontem (28)

Este fim de semana completa dois meses da tragédia do voo que levava o time da Chapecoense para a Colômbia. E, aos poucos, o assunto tende a esfriar. Normal. Ainda mais neste estado esquizofrênico a que somos acometidos no Brasil. Local em que parece haver uma necessidade de polêmicas ou mimimi novos a cada semana. Nesta ótica, o #forçachape consegue ser uma exceção.

Até porque fazer com que os cartolas da CBF promovam um amistoso beneficente e, de quebra, as emissoras de televisão abram mão de uma graninha para ajudar o pessoal lá do Sul é épico, como diria o meu filhão. Melhor e mais transparente do que o Criança Esperança.

Quarta-feira foi uma festa bonita, na medida do possível. O motivo, se pensarmos bem, não era de euforia. Mas, sim, de solidariedade. Muitos criticaram o pouco público no estádio Engenhão. Chegou perto da casa dos 18 mil torcedores. Uma renda de R$ 1 milhão, fora os extras (patrocínio, doações das tevês, etc.), que ajudaram a chegar ao patamar de R$ 5 milhões.

Sinceramente, acho que ficou de bom tamanho. Fala sério, começo de temporada, fim de mês, chuva, em uma cidade acostumada a ver os caras que entraram em campo… 18 mil é um número bacana. Diz aí, com ingresso a um preço mínimo de R$ 70, que evento esportivo neste ano no Brasil juntou tanta gente? Então, calma aí, né?! Detalhe: a Arena Condá, a casa da Chape, tem espaço para 19 mil torcedores.

Ou seja, para os que serão beneficiados diretamente (e é o que importa), esse povo que foi ver Tite e a seleção caseira é considerável, sim. É três vezes o que o Morenão, em Campo Grande, pode receber de público atualmente.

Então, é até estranho eu dizer isso, mas a CBF dessa vez não tem culpa no cartório.
Em conversa durante o amistoso, na redação do jornal, eu e o André da Paginação até concordamos que, se o jogo fosse em outra praça menos acostumada a ver jogos do Brasileirão, a bilheteria seria maior. Em Brasília, Manaus, Natal... Natal, não (e o medo?), Cuiabá, Campo Grande...humm, não. Hoje, Mato Grosso do Sul não tem estádio pronto para isso. Palcos em que o fator “novidade” teria um apelo maior. Conjecturas, conjecturas.

E reclamar depois do chope derramado é fácil. Criticar é aperitivo. E penso que neste caso soa um pouco injusto. Se o pessoal está tão preocupado em medir a $olidariedade pró-Chape, que tal ter certeza de que o dinheiro terá seu destino certo? Já entregou, para quem, como será feita a divisão entre as vítimas, os familiares, o clube? Ah, os cinco milhões foram pouco? Pergunta lá em Chapecó, sei lá; é melhor a iniciativa e esse dinheiro do que apenas discursos, curtidas, compartilhamentos nas redes sociais. Menos dó, mais ações.

Em uma época na qual reconhecer erros parece requerer um esforço descomunal, como ir para a rua e depois admitir que o pato é você, ou ficar cheio de dedos em opinar sobre aquele outrora “modelo” de superempresário estar foragido, não surpreende que a dor e a tristeza parecem ter obrigatoriamente prazo de validade.

Cômodo é acompanhar o discurso pronto. O importante é a Cidade Linda. Para eles primeiro e, se der, só se der, para você.

Abraço

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