Agora é jogos todo dia, toda hora. Não sei se Rio ou se choro

*Texto publicado na edição de hoje (6) do Jornal O Estado MS

Começou. Quer dizer, espero que sim. É que estou a escrever em uma tarde de sexta-feira, a quatro horas para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Vai que, sei lá, acontece algo, né? Meio São Tomé isso, eu sei. Preferia que fosse mais para Mussum, algo como “seu tomézis”. Rolou vaia?! Houve o que temer?

A Olimpíada é meio coisa de louco. Algo como Nelson Rodrigues, e seu “o Fla-Flu começou 40 minutos antes do nada”. O maior evento esportivo do planeta teve início dois dias antes de sua...abertura?! O futebol é o responsável por esta falha no sistema. 

Falando nisso, as mulheres começaram bem, e os homens, bem mais ou menos. Na quarta-feira, público no estádio provocou dizendo que Marta é melhor do que Neymar. Aí no dia seguinte, o craque do Barcelona foi a campo para responder. Vai ver estava rouco, não deu para escutar. Mas, estreia é assim mesmo. Boa sorte a elas e a eles. Cada um a seu modo, buscam o ouro que consagra. Ou alivia.

E, a partir de hoje, até o dia 21, é esporte que não acaba mais. Um rio de modalidades vai percorrer estas semanas e, consciente ou inconsciente, fazer lembrar daquele cão rabugento a murmurar: “medalha, medalha, medalha”!

É ligar a televisão e pronto. Quem tiver como acessar a TV a cabo então... Overdose total de disputas. Confesso que fico meio intrigado.

Primeiro, é impossível acompanhar tudo. Com esse montão de tecnologia, informação, desinformação, o cérebro, o corpo não aguenta. Nem que você seja um superatleta. Será que corre o risco de após três, quatro dias, tiozinho falar, “chega, acaba logo isso que eu enjoei”? 

Segundo, e pior, e para quem o espírito olímpico passa longe? Não sabe quem é aquele astro do atletismo, aquela lenda da natação, o badalado melhor de todos os tempos, nem quer saber e tem raiva de quem sabe. Aquela sensação de “por favor, deixe eu dormir e me acorde só quando a porrada em cima do ‘legado’ recomeçar”. Cinema? Internet? Pokémon GO (poderia ser Pokémon MS – caraca, quase Nintendo esse trocadilho). Busque um refúgio, mas não me chame. 

E, terceiro, porque como diz a música do Ultraje a Rigor, de qualquer forma eu pego um bronze porque eu gosto da cor, o duro é aguentar o tradicional vai ou racha. Ou o atleta superou os seus limites e merece um lugar entre os melhores, ou ele pipocou, sentiu a pressão de competir em “casa”.

Daí vem as teorias sobre como os mesmos países são potências, e os brasileiros sempre falham na hora agá (opa!), porque são fracos emocionalmente, psicologicamente. Nem se deve a diferença de estrutura, ao fato do esporte de base na cidade, no estado, no país, ser praticamente menosprezado, ao costume de vermos somente o resultado final, o quadro de medalhas. Bom mesmo é a Índia, país gigante que faz figuração na Olimpíada, praticamente dá de ombros para os Jogos, mas tem uma porrada de cientistas, doutores, mestres espalhados pelo mundo. 

Mas, vamos lá, somos brasileiros e não desistimos nunca. Seja lá o que isso representa. Boa sorte a todos. 
Abraço

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