O inesquecível e chato 7 a 1 dois anos depois

*Texto publicado na edição de hoje (9) do jornal O Estado MS

Ontem, dia 8 de julho, completou dois anos do famigerado, Mineiraço, vexame, humilhante, chame do que quiser o 7 a 1. Confesso, acho meio chato toda hora ficar lembrando. “Enquanto isso 7 a 1 da Alemanha”, “gol da Alemanha”. Paciência, a irritação deve vir no meu caso porque geralmente noto um ar de arrogância, superioridade em quem fala. Como se vivesse em outro país.

Volto ao 7 a 1. Assim como no futebol, e também em várias situações deste país varonil, só se avalia ou critica ou detona algo em cima de resultados. O problema não foi só o placar. Dois anos depois, creio que se a seleção de Felipão, principal bode expiatório de 2014, conquistasse o hexa, os desmandos, os problemas na administração a politicagem no futebol nacional passariam longe de serem vistos com maus olhos.

Assim como na política, depois da avalanche deflagrada na Copa, nem adianta lembrar que o Brasil não chegava a uma semifinal de Mundial desde 2002 com...Felipão?!, especialistas, torcedores, especialistas-torcedores, cobraram mudanças no modo de gerir o esporte mais popular do país. E, adivinha, ocorreu o famoso “vamos mudar para que tudo fique na mesma”.

Futurologia e chutômetro puros. Duvido que se a seleção se sagrasse campeã, 90% deste desdém de hoje com a situação do nosso futebol existiria. Aliás, Parreira disse que a “CBF é o Brasil que deu certo”. E, na hora, assim como na música, “os mano tudo só ouviu, ninguém falou um A”.  Éramos os campeões da Copa das Confederações, poucos ousavam questionar Thiago Silva, David Luis, Fred. Scolari era o xerifão, o capataz que botou ordem na senzala rumo ao título. Aliás, como muitos parecem ser carentes de alguém que precisa dar bronca, falar alto, bater na mesa para mostrar quem realmente manda, “Líder nato”. Eu não.
Não se discute seriamente por que chegamos a esta situação, o que fazer para melhorar, quanto tempo seria preciso, se preciso for avaliar novos métodos de trabalho, possíveis alterações na legislação. “Mensagem clara de que a tropa precisa estar em formação. Precisa da informação”, já rimou o Marechal. De repente, começar do zero, quem sabe?

Ah, mas isso dá trabalho. Melhor apostar em um salvador da pátria, ele ganha uns torneios, e assim o “Brasil retoma o seu lugar”.  E se der em nada, é mais fácil achar um culpado, do que reconhecer que o caminho tomado está errado e é preciso consertar para não termos que aceitar em nos contentar com o vice.
Abraço

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