O futebol no campo das lamentações
* Texto meu publicado na edição de hoje (16) do jornal O Estado MS
O choro é livre. Aliás, semana marcada por um chororô
danado, hein? Largar o osso é difícil, realmente. Por outro lado, quem não
chora, não mama. Ou melhor abortar tudo isso?
No futebol sul-mato-grossense, a semana foi de Comercial
e Sete de Setembro chorarem as pitangas. O time de Campo Grande jogou a toalha,
fez da rede social um divã, divagou, elencou problemas e conclamou os
torcedores a salvarem o Colorado.
Medida extrema? Talvez. Qual será o efeito? Sinceramente,
não sei. O time estará em campo ano que vem pelo Estadual? Quase 100% de
certeza. “Viu?! Todo ano é a mesma coisa. Reclamam, reclamam, aí ano que vem,
tudo de novo”, lamenta em tom de conformismo o sofrido torcedor. Círculo
vicioso.
Na equipe de Dourados, que, parabéns, conseguiu pela
primeira vez fazer Mato Grosso do Sul passar à segunda fase da Quarta Divisão
do Brasileiro, o gestor do clube aproveitou para pedir mais uma ajudinha aí
para o pessoal. Vai que cola, né?!
Sim, investir e manter um time de futebol profissional é
caro. Mas, o que seria futebol “profissional” em Mato Grosso do Sul? Depender
bastante da verba pública é profissional? Sou contra, mas talvez esteja errado.
“Olha só o tanto de gente que isso movimenta. A prefeitura, o governo tem de
bancar isso, sim”. Será? Pode ser.
O duro é ter de ajudar 12 times. Ou, no caso de Campo
Grande, três clubes (além do Cene que acena em jogar a Série B do Estadual).
Soa cruel, eu sei. Até para escrever fico meio sem jeito de dizer isso. Se não
tem dinheiro, não disputa. Fecha. Que o campeonato tenha dois, quatro, seis
times. Os outros, que comecem de baixo, seja pela base, ou com trabalho
sabático, arrecadando recursos. Não é demérito nenhum. Sei lá, investe na base.
Ou, que cobrem ou discutam alguma ajuda ou melhoras com a FFMS. Já que a
entidade parece estar longe de ter culpa da atual situação dos times, até
porque a direção é reeleita pelos seus filiados ad aeternum. “Este Estadual foi
um dos melhores [campeonatos] dos últimos anos”, alardeou a federação.
Ou façam uma comissão e cobrem seus direitos. Batam na
porta dos que prometeram a verba. Acho que deu, né?
Na Libertadores, Brasil, por que lloras?
Mais um ano sem time brasileiro na final do campeonato de
clubes mais emocionante do mundo (fãs de Champions League, não disse que é o
mais técnico, ok?!). E, quase sempre, a culpa é do juiz.
Torcedor tupiniquim não dá o braço a torcer. Nunca o
adversário jogou melhor ou mereceu a vitória, a classificação. No caso de
quarta-feira, na Colômbia, o Nacional perdeu um caminhão de gols. A arbitragem
é melhor que o adversário, mesmo que o rival da vez tenha o melhor ataque e a
melhor defesa da Libertadores.
A imagem é clara, o árbitro errou, foi mal etc e tal.
Mas, convenhamos, saber valorizar o adversário é um sinal de grandeza. Do
contrário, vamos seguir errando, errando. E de que adianta nosotros termos mais
grana que os vizinhos se não evoluímos? Fechamos os olhos e as mentes como
pessoas mimadas que preferem culpar os outros a não vermos o que saiu errado. A
não ser que os caras sejam da Europa. Aí é diferente. Complexo crônico de
vira-latas.
Há os que defendem que o Brasil é sempre prejudicado na
Libertadores. Então, que os clubes se unam e cobrem uma reformulação na
arbitragem. Desde padronização ao método da escolha dos juízes. Se a
Confederação Sul-Americana achar que pedimos demais, larga a mão do torneio.
Duvido que uma Libertadores sem o maior mercado do continente sobreviva.
Futebol não é filantropia. Sim, é paixão. E, também, negócio. Aqui e no mundo
inteiro. Abraço.
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