E se quem tivesse com a Tocha fosse a mãe. Balde de água nela?

*Texto meu publicado na edição de hoje (2) do Jornal O Estado MS

Ei você que se diz contra a vinda da Olimpíada ao Brasil, que torceu o nariz quando o revezamento da Tocha passou, que bateu palma, achou graça e bem-feito para quem levou balde de água quando a Chama Olímpica passou. Ou extintor, o que for.

Que bom a gente ainda viver em um país que se julga democrático. É salutar ter várias opiniões, e, muito mais, respeitá-las.

No caso olímpico, já deixei claro que fui a favor da cidade que moro fazer parte deste evento histórico. Mesmo que tenha passado tão rápido diante dos meus olhos. Pelo menos, sempre, a cada quatro anos, quando a dita estiver em algum lugar do planeta, vou poder dizer que presenciei este momento.

Sim, pelo que notei, muitos manifestaram contra. Tudo bem, como se fosse culpa do principal esportivo do planeta todos os problemas porque passam Campo Grande. De buracos a vacinas, ginásio fechado a Morenão fechado,  e por aí vai. 

Como se a Chama Olímpica fosse a responsável por acender o gás para cafezinhos, cimentar aquários inacabados, esquentar propinas e suspeita de compra de votos. 

Ok, era uma oportunidade de protestar, mostrar ao mundo que tudo que está aí é só para alguns ganharem uma grana e o “povo” achar bonito. O problema não é a Olimpíada, mas o modo de como foi e continua sendo (muito mal) tocado no Brasil, principalmente na Cidade Maravilhosa. 

Sinceramente, nem ia mais tocar no assunto Revezamento da Tocha na Campo que pensa que é Grande. Aquele sentimento quixotesco, de conformismo mesmo. Quem gostou do evento, bacana, quem deu de ombros, tudo bem. Bola para frente. 

Mas, como diria o Josias, com um ar de espanto: “gente.., gente...” Quando é com os outros é tão legal, né?!  Imagino se é seu filho, sobrinho, irmão, pai, avó, avó, neto, todo feliz da vida correndo os 200 metros a que teve direito cada um dos condutores da Chama Olímpica. Esperou tantos meses, contou os dias, as horas para não fazer feio. Concentrado, emocionado, em plena avenida Afonso Pena, e vem uma pessoa ou várias sabe lá de onde, que tu nunca viste na vida, aparece de repente e tenta tirar a Tocha da sua mão, estragar aquele momento que tanto sonhou. Na marra. 

Opa, na lista família que citei como exemplo talvez esqueci a mais importante: a mãe. Fonte do meu desabafo. E se além de mãe, disser que o motivo de eu voltar a este inflamável assunto, acrescentar que ela é cega. Sem coitadismos, por favor. 

E, sim, tinha o mérito de participar da festa. Nesta semana, a judoca foi confirmada pela terceira vez na disputa de uma Paraolimpíada.

No dia seguinte ao Revezamento, preferiu não comentar o assunto. Alegou estar abalada emocionalmente e sem condições de opinar sobre o que aconteceu com ela. 

“Ah, mas eu nunca participaria de uma coisa dessa!”. Conversa.  Muitos destes, não todos, que acham engraçado ou apoiam estes atos explícitos de boa educação, são os mesmo que curtem ou compartilham quando algum conhecido é homenageado em Câmara, Assembleia, ou se sente importante ao ser lembrado por aquele político “ficha (totalmente) limpa”. 

Aliás, não tem coragem de dizer que a Tocha é uma palhaçada na frente de uma autoridade, figura pública, e que nada tem a ver com o esporte. Mas, sim, muitos ficariam bravos se o seu filhinho, pai, sobrinho levasse um balde de água na cara e a imagem sendo vista por milhares Brasil afora. Ou vai segurar a bronca, e rolar aquela risada amarela, sem graça. “Fazer o quê né?! Ele que quis”. Duvido. Quando é com os nossos, o negócio é diferente. Ou não?

Protestar é válido. Seja por qual motivo você luta ou acredita. Mas, favor pensar antes de atingir o outro só para ganhar uns “likes” ao fazer o que “todo mundo” quer, ok?! 
Isso é o que nos difere dos animais. 
Abraço

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