Quero milhões de outdoors com a frase ‘Não fale em 7 a 1, trabalhe’

*Texto meu publicado na edição de hoje (14) do jornal O Estado MS

Eu pretendia que o texto de hoje fosse extremamente sóbrio e discreto, como convém ao momento que vivemos. Mas que, a julgar pelo tamanho do meu discurso e vontade de ter o meu espaço, vai ficar só na intenção, mesmo.

Entretanto, eu vejo o entusiasmo dos dirigentes dos clubes, dos presidentes de federações, e tenho absoluta convicção de que este entusiasmo deriva, infelizmente, da longa convivência que nós todos tivemos ao longo do tempo.

Até pensei, num primeiro momento, que não lançaria nenhuma mensagem neste instante. Mas percebi, pelos ocorridos nos últimos meses, que indispensável seria esta manifestação. E a chance de eu aparecer como um craque na hora do gol.

E minha primeira palavra ao torcedor e ao jogador brasileiro é a palavra confiança. O emprego, sabemos todos, é um bem fundamental para os brasileiros. O jogador de clubes pequenos só tem trabalho durante poucos meses do ano, mais especificamente durante os deficitários estaduais. Atletas dependem de bolsas e programas federais que tanto critiquei, mas, agora, aleluia, mudei de ideia. Mas, claro, posso mudar de novo. E de novo. E de novo...

Porém, a partir de agora, nós não podemos mais falar em crise. Pelo menos por seis meses. Aliás, tempos atrás, eu passava por um posto de gasolina, no centro de Campo Grande, e o sujeito botou uma faixa lá: “Combustível caro por causa da Dilma”. Correto, mesmo que na nota fiscal, o imposto mais alto que o consumidor pague seja a do governo estadual.

Agora, esqueça isso. “Não fale em 7 a 1, trabalhe”. E, como em um passe de mágica, quero ver até se consigo espalhar essa frase em 10, 20 milhões de outdoors por todo o Brasil, porque isso cria também um clima de harmonia, de interesse, de otimismo, não é verdade? Então, torcedores, jogadores deste mundão de clubes que esperam há meses por seus salários, parem de reclamar. Vão trabalhar, parem de ser folgados!

O lema do jogo agora é Ordem e Progresso. Certo, não é original. Mas é para dar bandeira mesmo. Chega dessa bagunça dentro do esporte local, estadual, nacional. Assim como no futebol, chefe bom é homem. Mulheres, belas, recatadas, têm de permanecerem no lar. Negros, já fazem muito se esforçando dentro de campo. Ministérios são para os brancos, ops, aos homens de bem. Graças a Deus!

Por isso que eu peço a Deus que abençoe a todos nós: a mim, à minha equipe, aos cartolas e políticos, cuja maioria esmagadora possui ocorrência judicial. Mas esqueça isso. Precisamos reunificar o Brasil para o bem do esporte, não varrer o muito da sujeira existente para baixo do tapete. Que vire o Supremo Tapetão Federal, mas que “vire a página”.

Ora, bem, não somos os donos da bola, nós somos mais. Somos o poder. Quer dizer, era para ser do povo, é o que está definido na Constituição. Mas, quando o “povo que manda” cria o Estado, ele nos dá uma ordem: “Olha aqui, vocês, que vão ocupar os poderes, exerçam-no com harmonia porque são órgãos exercentes de funções”. Ora, quando há uma desarmonia, o que há é uma desobediência à soberania popular, portanto há uma inconstitucionalidade. E isso nós não queremos jamais permitir que se pratique. Mesmo que eu seja eleito sem vencer uma eleição. Mesmo que seja preciso usar da força e fazer pobre bater em pobre. Aliás, nossa ordem está acima dos seus votos. A lataria, a carroceria dos nossos carros, são valiosos como se fossem de Fórmula 1. Lava-Jatos não estão à nossa altura. Morou? Nem para um pit-stop.

Em agosto, seremos o centro do mundo com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Até o início deste mês, este evento era caro e cheio de críticas para a cidade e o Estado. Agora, povo brasileiro, trata-se da maior competição do planeta. Vai ser uma festa. Conto com a colaboração de todos e compreensão para a sede, cujos, governantes locais e estaduais são de um partido que, agora, me fugiu da memória. E, como brasileiro que não foge à luta, terei de representar o país na cerimônia de abertura. Visse? Que a tocha siga acesa para incendiar...digo, a partir de agora não. Que a tocha seja para iluminar este país. Meu muito obrigado e um bom Brasil para todos nós.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aluno com a camisa assinada pelos amigos é bem fim de ano

Dez músicas para Campo Grande no modo aleatório

Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.