A cidade está em coma e você acha que o esporte vai consertar isso?

*Texto meu publicado na edição de sábado (21) do jornal O Estado MS

E lá se vão quase 50 dias que Campo Grande, cidadezinha de 850 mil habitantes, que até o momento não tem um diretor-presidente na Funesp, setor da prefeitura responsável pelo esporte no município. (OBS, após a postagem, fui informado que o cargo foi preenchido). Ah, mas nem faz falta para a cidade. Se ainda fosse capital de um Estado, vá lá...

Com tantos problemas, tu vai logo se preocupar com esporte? “O município está em coma e não vai ser o esporte que vai consertar isso”. É...pode ser... Depois, pessoal acha lindo aqueles exemplos de vida, de que graças ao esforço físico fulano ficou longe das drogas, do crime. Ou, de que os treinos, as competições fizeram aquela criança se tornar mais saudável e o ajudou a livrar-se de uma penca de remédios e das constantes idas ao médico, hospital e adjacências.
Nem vou dizer que, quando isto acontece, a maioria das vezes é graças a projetos sociais bancados pelo poder privado. Sério. Verdade maior que essa “só o kkk”. Sei lá, olha só o raciocínio simplório: mais esporte, mais saúde, menos doentes, menos custos.

Já pensou se a moda pega? Por exemplo, para quê se preocupar com previdência social. “O Brasil está em coma e não vai ser os aposentados que vão consertar isso”. Cultura, conhecimento, são das poucas coisas que você aprende que ninguém pode te tirar. Quer dizer, depende.
Ou você põe a mão no fogo que, se não houvesse essa bendita Olimpíada, o Ministério do Esporte já estaria devidamente aposentado? Se bem que, do jeito que está (ou seria como sempre esteve?), nem Ana Moser, Maurren Maggi, Magic Paula, Maria Esther Bueno aceitariam. Opa, desculpa, esqueci que mulher não entra nestas opções. Só entra quem tem competência, aqui não é Power Rangers para agradar o público. É o que dizem por aí.

Tudo bem, tudo bem, vou parar de falar sobre Brasil, Campo Grande e tal. Deixa só lembrar que Mato Grosso do Sul, em minha modesta opinião, viveu seus melhores momentos esportivos, menos no futebol porque aí é difícil, quando havia e foi apoiada a Sejel (Secretaria de Juventude Esporte e Lazer). Aos trancos e barrancos, às vezes sob muitas críticas, a pasta conseguiu trazer ao Estado no início dos anos 2000, Jogos Abertos Brasileiros, Liga Mundial de Vôlei, amistosos da seleção de futsal, entre outras coisas. Claro, faltou muita coisa prometida na época. Tinham anunciado a criação de um Museu do Esporte. Mas, que ficou no passado.

Porém, como os mais velhos gostam de lembrar do futebol com o estádio Morenão cheio para ver Operário, Comercial, o esporte por estas bandas também corre risco enorme de virar nostalgia. Até porque de Secretaria, o desporto estadual foi perdendo importância e hoje, com uma fatia que não chega a 1% do orçamento previsto pelo governo sul-mato-grossense este ano, se debate uma Fundação, a Fundesporte.
“Ah, mas o problema não é só esse. Ninguém quer investir porque os dirigentes não têm credibilidade, porque esporte aqui não dá lucro, porque empresário olha aqui como um mercado consumidor pequeno”.

Pois é, amigos. Esporte, esporte mesmo, ajuda a educar, confraternizar, fazer bem à saúde. Se vocês veem nele somente cifras, ou meio de fazer uma grana, de se dar bem à custa dos outros, melhor deixar quieto. De verdade.
Daí, é aonde que o poder público tem de entrar em quadra. Exercer seu papel social, de governo, efetivamente. Que exerça função de liderança, de agente fiscalizador, de ditar as regras do jogo, mesmo, e não de subserviência ou de conchavos com os interesses particulares de cartolas e os que estão privadamente acima deles.
Vixe, desabafei grandão, né?! Desculpe.
Abraço

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Aluno com a camisa assinada pelos amigos é bem fim de ano

Dez músicas para Campo Grande no modo aleatório

Tem rap sem palavrão que é bom. Mas censurar palavrão do rap, não.