Wendell Lira, o exemplo de superação da vez

*Texto meu publicado na edição de hoje (16) do Jornal O Estado MS

Se você mora no Brasil, e ou entende um pouco de futebol, está bem, nem precisa entender... O fato é que desde a segunda-feira, dia 4, Wendell Lira passou de anônimo à celebridade. Instantânea ou não, o tempo dirá.

O goiano que venceu a eleição da Fifa para o gol mais bonito do mundo de 2015, virou motivo de orgulho, caiu nas graças do povo cicatrizado pelo maldito 7 a 1, Festa para o atleta que ganhou reconhecimento após finalizar um belo lance disputado no Brasileiro da Série D, aquele mesmo torneio ignorado por (quase) todos e desacreditado em que situa grandes centros futebolísticos nacionais, como o sul-mato-grossense.

A linda história do cara que superou as barreiras e venceu na vida. Do jogador que, mesmo com passagem pela seleção brasileira de base, esteve desempregado e no mês de novembro declarou que é “difícil viver do futebol”, agora é recebido por milhares e cortejado por tantos outros por ter vencido o melhor do mundo Messi na eleição feita por meio da internet. 

Ah, como adoramos exemplos de superação no esporte. Daquele menino ou menina mirrado, sem condições, de preferência de algum Estado que não seja do eixo Sul-Sudeste, e vai lá fora e ganha dos gringos. E mostra que Davi pode vencer Golias.

Tudo de bom a ele. Espero que o prêmio renda frutos financeiramente já que na Suíça, além do troféu, importante lembrar, o atacante só ganhou tapinha nas costas e a chance de fazer selfies com seus ídolos do campo e do videogame.

Porém, desde o momento do anúncio, ao observar a euforia das pessoas festejando como se fosse um título (e foi mesmo), tentei evitar um quê de tristeza crescente e vencedor sobre a alegria “obrigatória” naquele momento. Sem sucesso. Estou ficando velho e, como aguenta a minha patroa, teimoso, birrento e ranzinza.

Fruto da “experiência”, talvez. Desde os meus tempos de garoto apaixonado por esporte, vejo pulular estes exemplos tão brasileiros de superação. Fascínio que ainda me toca, mas cada vez menos do que em épocas anteriores. Porque gostaria que no pais do futebol (?) os “Wendell Liras” da vida, tivessem uma condição decente, sem depender de uma gigantesca série de fatores para se manter. Que, se não tivesse competência para brilhar nos campos, pelo menos opções para exercer alguma coisa que lhe desse um sustento digno.

Satisfeito ficaria se chegássemos ao ponto de que, em vez do coitado que teve de arranjar e emprestar ternos às pressas para a festa de gala, qualquer brasileiro pisasse no centro de convenções com a estima em igualdade aos gringos. E não como aquele coitado caipira que veio lá do “fim do mundo”.
E, que torço muito para estar errado, será esquecido daqui a pouco e só citado no fim de ano, em alguma retrospectiva. Parabéns a Wendell Lira.

A nós, brasileiros, sobretudo aos governantes, cartolas e a quem se contenta em ganhar para deixar tudo do jeito que está e sempre esteve, nem tanto.


Abraço

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