Minissérie leva a Adolescência de hoje a sério. Muito.
Adolescência vale todo o barulho provocado. E eu nem sabia desse estardalhaço. Indicação pesa mais do que qualquer algoritmo.
A minissérie britânica tem quatro episódios. Da Netflix, quatro horas mais ou menos. Assisti em uma toada só. No meu caso, isso dificilmente acontece.
Um garoto de 13 anos é acusado de assassinar uma colega de escola, levando a família, a terapeuta e o investigador do caso a se perguntarem: o que realmente aconteceu? A frase é da sinopse. A resposta? Mil coisas.
Idealizado por Jack Thorne e Stephen Graham – que interpreta e bem o pai de Jamie – Adolescência é dirigido por Philip Barantini. Foi feito em um único plano-sequência, sem edição digital. Ficou bem bom.
Canções também são deixadas de lado. Rola um clássico do A-Ha, e olhe lá.
Claro, pra quê brigar com o óbvio. A repercussão desse drama policial/psicológico é a história em si e a gama de assuntos que aborda de maneira destruidora e envolvente. Sei lá, minha visão foi de pai, e de quem tem alguma noção de que essa fase teen é complicadíssima.
A minissérie deu a sensação de ser dois em um. Nos dois primeiros episódios, a produção aborda o lance investigativo da polícia e a relação pai e filho que andava ruim, mas deu tempo para consertar. Caso aparentemente resolvido.
A segunda metade pega de jeito. O diálogo entre o personagem principal (Jaime Miller, interpretado brilhantemente pelo estreante Owen Cooper) e a psicóloga Briony Ariston (Erin Doherty, de The Crown) é um embate que me fez lembrar Jodie Foster e Anthony Hopkins em Silêncio dos Inocentes. Sei lá, eu achei.
Longe, mas bem longe, de defender o indefensável, a produção despedaça aos poucos a fortaleza imaginária/ilusória do garoto.
Não trata só de misoginia, machismo. Adolescência é mais do que isso. Espeta com bullying, apresenta a quem desconhecia um mundo real em que termos como incell, 80-20, e Andrew Tate – este nem vale a pena – e por aí vai.
As relações familiares entram no pacote. De como, às vezes, sinal de que algo de errado não está certo passa despercebido. Quando cai a ficha, já era.
Em tempos de redes sociais, a minissérie mostra um mundo escolar longe do ideário tradicional. Professores e professoras sem moral, motivação zero, e, perdem feio para a “educação” trazida por meio dos celulares.
Dou um salto e no leque de situações que a produção oferece, uma coisa que li faz muito tempo de um especialista em crimes que envolvem os “de menor” sempre vem à cabeça nessas horas. A de que nenhum governo até hoje resolveu 100% o que fazer com adolescentes nesses casos. Internar, prisões convencionais, programas de socialização, o que seja.
A mente e coração dessa pessoa cujo corpo e instinto fervilham seguem passíveis de imprevisibilidade. Você que já passou por isso sabe como é. Pena que muitos esquecem e caem no discurso comum “já nasceu assim”, “não tem mais jeito”, “é culpa dos pais”.
Adolescência é tudo isso. De boa, ás vezes você já assistiu e considere os holofotes exagerados. Faz parte. Por mim, seria uma sugestão exibir em salas de aulas para estudantes que orbitam nessa faixa de idade e depois trocar uma ideia, deixar falar.
Qualquer resposta/ação a ser dada pela classe pode indicar alguma coisa. Ou, não. Deu, já falei mais do mesmo de mais.
Se assistiu, diz aí. Se não, vai lá ver. Espero que goste.
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