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Mostrando postagens de 2025

Só vi agora, Carvão já mostrava que filmes BR têm muita lenha pra queimar

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  De um podcast, sobre o tornado Ainda Estou Aqui, a entrevistada - esqueci o nome, foi mal – citou outras produções brasileiras que vieram antes e prenunciavam o momento do cinema nacional proporcionado com o Oscar. Só assisti agora, Carvão foi uma das citadas. Parece que tem em vários streaming (Globoplay, Amazon Prime, YouTube, Google TV, Apple TV).  Lançado em 2022, dirigido pela paulistana Carolina Markowicz, o filme tem uma pegada “as aparências enganam”. O longa rodado no interior do país, mais precisamente Joanópolis-SP, retrata teoricamente uma típica família rural, mãe, pai e o filho. Casa onde falta muita coisa, e Irene meio que é a espinha dorsal familiar. De quebra, precisa cuidar do pai idoso acamado, que necessita de cuidados médicos, como cilindro de oxigênio, por exemplo. Irene, interpretada com competência pela brasiliense Maeve Jenkins – vai me fazer assistir O Som Ao Redor (2012) novamente - junto com o marido Jairo (Rômulo Braga), tem uma modestíssima ca...

Karen y Los Remedios fazem um som bem de boinha

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Bora escutar unos sonidos del México. Dar uma espairada com Karen y Los Remedios . Gostei de uma definição que li sobre o trio: uma mistura de cumbia e existencialismo .   Tropecei neste som calminho, mas nem por isso bobinho – ela tem especialidade em Artes e Ciências Visuais - por meio do canal da Kexp, do You Tube. Ana Karen Barajas no vocal, Guillermo Berbeyer na guitarra, e Jiony, produtor e teclado. Pelo que entendi, Karen mora ou morou um tempo na China – na parte mais ocidental – e isso fez com que rolasse sentimento de volta ás raízes. Disse que quando escutava a cumbia aleatoriamente, batia aquela saudade da terrinha. Karen e companhia estão longe de gritaria, barulheira e tal. A cumbia – sinceramente um estilo que conozco muy poco – está lá, porém, de modo sintetizado, certo minimalismo. Portanto, você pode não gostar. Sei lá se é fase, curti diversas faixas. Tem uma letras bacanas também. Como Canarios “Tú siempre serás así Nunca cambiarás No hay problema porque yo Você...

Só assisti agora, Perfect Blue é animação das melhores. Não é mar de rosas, não

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 Só assisti agora (sim, depois de passar pela Adolescência, pensa), Perfect Blue é uma animação do fim dos anos 90. 1998, creio. Nervosíssima. Em pouco menos de hora e meia, uma das melhores produções que assisti nesse segmento tem direção de Satoshi Kon e é baseado em obra de Yoshikazu Takeuchi. Basicamente, o longa narra a história de Mima. Uma garota que deixa um grupo de música pop japonesa, em que tinha relativo sucesso. E uns fãs, digamos, animados além da conta.  Mima larga a cena musical para tentar a carreira como atriz em uma produção televisiva adulta. A partir daí, a jovem artista entra em umas paradas onde rola um perseguidor, empresário, agente, e diretores de cárater duvidoso. E, obscuro.  Ao mesmo tempo, Mima meio que vai deixando se levar, é pressionada por gente que não se conforma por ela ter saído do grupo musical. Por outro lado, literalmente meio sem querer entra em uma espiral violenta que chega um ponto em que seu lado psicológico rouba a cena. De ...

Minissérie leva a Adolescência de hoje a sério. Muito.

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  Adolescência vale todo o barulho provocado. E eu nem sabia desse estardalhaço. Indicação pesa mais do que qualquer algoritmo. A minissérie britânica tem quatro episódios. Da Netflix, quatro horas mais ou menos. Assisti em uma toada só. No meu caso, isso dificilmente acontece. Um garoto de 13 anos é acusado de assassinar uma colega de escola, levando a família, a terapeuta e o investigador do caso a se perguntarem: o que realmente aconteceu? A frase é da sinopse.  A resposta? Mil coisas. Idealizado por Jack Thorne e Stephen Graham – que interpreta e bem o pai de Jamie – Adolescência é dirigido por Philip Barantini. Foi feito em um único plano-sequência, sem edição digital. Ficou bem bom. Canções também são deixadas de lado. Rola um clássico do A-Ha, e olhe lá. Claro, pra quê brigar com o óbvio. A repercussão desse drama policial/psicológico é a história em si e a gama de assuntos que aborda de maneira destruidora e envolvente. Sei lá, minha visão foi de pai, e de quem tem alg...

Única Garota da Orquestra faturou até Oscar. Mas, não sei

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  A Única Garota da Orquestra tem 35 minutos. Não precisa de mais, se é que você me entende. O ganhador do Oscar de Melhor Documentário Curta Metragem deste ano tem um quê de erudito. Mostra um pouco de Orin O’Brien, a primeira musicista mulher a integrar a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque, em 1966. Pelo que entendi, hoje a personagem da história – que já tem lá seus oitenta e poucos – é uma baita craque no contrabaixo. Só que isso na época era o de menos, como evidencia o documentário dirigido por Molly O’Brien . Sim, o sobrenome não é mera coincidência. A diretora é sobrinha da artista e foi quem deu aquela força para Orin falar sobre a sua trajetória. O termo “aquela força” é real. A double bass (adorei o termo inglês para contrabaixistas) diz ter escolhido este instrumento por preferir fazer o trabalho formiguinha, sem desejo de ser protagonista. Talvez seja reflexo das experiências vividas por sua mãe e seu pai, artistas de Hollywood e problema zero em ser o centro das ate...

Só vi agora, Rag Doll é mais que um curta. É triste, é humano

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  Tudo bem, sei que a maioria trata animação como arte menor. Bom, literalmente, pode até ser se for curta-metragem. Eu curto, curta. No caso de Rag Doll, se sensibilize. Ou, não. Eu, sim. Tropecei nesse belo e instigante trabalho de 18 minutos depois que terminei de ver outra boa animação de poucos minutinhos, por meio de indicação, o The Maker . Rag Doll é de 2020, se não me engano. Meu, é triste e bonito. Dirigido por Leon Lee, que não deve ser muito quisto na China, a animação foi selecionada para vários festivais, inclusive Cannes. Olha, talvez tenha buscado informações em lugares errados. Foi meio difícil encontrar textos/artigos sobre a Boneca de Pano (tradução para Rag Doll). Fato é que, o curta já começa tenso e faz pouca questão de distensionar. Leon Lee trabalha muito com as metáforas. Quando o tempo fecha lá em cima, é sinal de que virá perrengue para a garotinha da história e sua boneca. A trilha sonora também serve de prenuncio de que coisa boa não virá. Tecnicamente,...

Pulando o bloco dos pré-conceitos em Campão

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Imagens: Luciano Kishô  Ah, esses pré-conceitos, preconceitos quando se trata de Carnaval de Campo Grande... Foi a primeira vez que assisti ao desfile das escolas de samba – aliás, a única capital do Centro-Oeste a ter este tipo de concurso. Na real, fui meio que arrastado pela filhota. Que encasquetou na ideia e, dizer não não é uma virtude que me acomete. Nossa aparição na Praça do Papa foi somente no primeiro dia. Deu aquela atrasada de praxe, discursos e tal – menção honrosa à homenagem aos que se foram, como Beto Figueiredo, e, um telão voltado para a área dos camarotes. Calma, este relato vai pegar uma curva para evitar cair na vala comum dos comentários estereotipados e tal acerca do trabalho das participantes. Em pé, ou na arquibancada, quando alegorias e adereços adentraram na passarela foi uma experiência agradável. Escutar uma bateria de perto, ver o esforço, a tentativa de exibir algo que levante as pessoas, ou ao menos renda gritos e, aplausos… ver gente. Do que vislum...

O Carnaval de Ainda Estou Aqui

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Independente do que houver domingo, a emoção está garantida. De repente é aquela corrente pra frente, parece que o Brasil inteiro deu a mão.  Aos olhos de milhões de cinéfilos formados em tempo recorde, Fernanda Torres já ganhou. Ainda Estou Aqui idem. Qualquer outro resultado que não seja levantar o troféu, digo, estatueta, no Trumpistão é marmelada. Esquema já sabido para o Brasil jamais ganhar. Se fosse em língua inglesa era outra coisa. Até parece que iam deixar uma produção feita fora da Europa levar. Argentina não conta, eles se acham europeus. Talvez precise avisar: os “argumentos” acima contêm ironia.  Reafirmo, Ainda Estou Aqui é baita filme, Eunice arrebenta, e tudo o mais. Já dei meu pitaco . Porém, caso o longa e a atual mais famosa atriz brasileira sejam preteridos pela tsl Academia, não será o fim do mundo. Palmas aos premiados. Vida que segue. O filme de Walter Salles já atingiu as expectativas com sobras. Deselegante malhar a produção vencedora, a atriz idem. ...

How to have Sex, quando dizer sim não é bem assim

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  How to have Sex é daqueles filmes que você sabe mais ou menos o que vai rolar. O lance é como a história vai se desenrolar. E, do meio pra frente, a produção dirigida pela jovem britânica Molly Manning Walker mostra a que veio. O filme é de 2023 e inicialmente começa com o trio de garotas inglesas que viaja para um paraíso turístico a fim de curtir baladas até não poder mais. Parênteses. Sem radicalismo ou pré-conceitos. O problema não são os programas, a diversão. Jovem tem de curtir mesmo, deixa a galera brincar, se divertir. A merda é quando aparecem pessoas babacas. Pra dizer o mínimo. E estragam o rolê de um jeito irremediável.   How to have Sex tem como protagonista Mia McKenna-Bruce. Ela interpreta Tara e é a virgem do trio. A escolha de seu nome foi acertada. Sua atuação convence nos dois extremos, na alegria e na surda tristeza.  Olha, o drama de uma hora e meia tem muitos momentos que soam como uma aula de como se ligar em limites. Sobretudo para garo...

Documentário sobre o punk rock BR na época da ditadura é pontapé

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  Um recorte da censura ao punk rock no Brasil. E é bem isso mesmo que se trata o documentário Não é Permitido lançado este ano.  Um pontapé. São vinte e poucos minutos com caras bem conhecidas da cena que tomou fôlego mesmo na década de 80. A produção tem entrevistas com integrantes dos Inocentes, Garotos Podres, Cólera e Ratos de Porão, entre outros.  Ao que parece, a ideia era deixar a moçada a vontade, prova disso eram os copos que acompanham parte dos relatos.  Não espere nada muito carregado, nem bombástico. Salvo engano, o movimento punk pegou o fim da ditadura, na figura do general Figueiredo.  Várias vezes bem humorada, os entrevistados lembram que a polícia nem sabiam o motivo desses elementos andarem de cabelo moicano, calça rasgada e, geralmente, em grupos.  Sobre os censores, Mao recorda do que poder ter sido dos Garotos Podres a última música vetada pelo regime autoritário. Na ocasião, às vésperas da promulgação da nova Constituição, fim dos a...

Godzilla Minus One é sobre um monstro. Pode ser vários

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  Da série Só assisti Agora. Esqueça que o chamariz é um monstrão se não curte filmes desse tipo. Godzilla Minus One trata-se de vários tipos de monstros. Generalizados como a guerra e suas mazelas, o medo do perigo atômico radioativado, mortes em massa. Repare, geral tá gastando em armamento como não se via, sei lá, desde a Guerra Fria. Porém, o que mais me pegou nessa obra de duas horas realizada por Takashi Yamazaki são as metáforas alusivas aos medos individuais, de cada um. Ambientado no Japão pós II Guerra Mundial, o protagonista carrega uma culpa desgraçada por não morrer pelo “Império”. Ainda é visto por algumas pessoas como covarde e responsável pela morte de muitos, incluindo pai e mãe.  O filme de 2023 venceu o Oscar de Melhores Efeitos Visuais. Sim, tá lá o quê de ação e aventura nessa espécie de homenagem ao monstro japonês mais famoso do cinema mundial. Trilha sonora by Naoki Sato dá aquele clima apropriado para uma boa história. Imagina todo esse combo em uma sa...

Jerry Springer era puro suco (podre) de televisão

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  Jerry Springer: Brigas, Câmera, Ação. Tropecei nesse documentário/minissérie ao ler uma coluna da Folha, esqueci agora de quem era. Faz um tempinho.  O mote era sobre a ainda existência de programas que exploram e satirizam a condição humana/relações humanas. Sensacionalistas.  Daí o cara recomenda essa produção da Netflix. “Essa série documental chocante mostra os bastidores do talk show mais polêmico dos EUA, expondo seus maiores escândalos na frente e por trás das câmeras.”  Essa é a sinopse da bagaça diluída em dois episódios de quase 50 minutos cada. Dirigida por Luke Sewell, aborda um programa de televisão dos anos 90. Mais ou menos um talk show apresentado por Jerry Springer. O mais ou menos é proposital, pois à medida que a fome por audiência aumenta, menos cara de programa tradicional de entrevistas tem.  Jerry é, como o pessoal da sua equipe definia, o genro que toda sogra queria, o gente boa. Sabia ser convicente e naquela impressão de falar o que ...

Make hipnocracia again, again, again

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  Já que dá quase nada escrever por aqui – o que é bom e ruim – a dica é esse artigo em que tropecei via newsletter do André Forastieri  . É artigo de professor de filosofia, o Jianwei Xun, que cunha o termo Hipnocracia. Com base no discurso de Trump e nos atos nazistas de Elon Musk, o teacher de Hong Kong descasca muito bem o que tem por trás da eficiente oratória/atos do presidente estadunidense. Que de bobo não tem nada, acredite.  Sob o título A Hipnocracia ou o Império das Fantasias, ele faz um abrangente destrinchado da bagaça.   Eu li em espanhol, mas qualquer dispositivo de tradução vai dar bom caso precise. “A noção de hipnocracia 1 –O Poder e a Dominação das Fantasias– é usado para descrever este sistema no qual o poder opera diretamente, ou seja, algoritmicamente, na consciência, criando estados alterados permanentes através da manipulação digital da atenção e da percepção.” “Este não é um simples exercício de retórica, estamos testemunhando o estabe...

Anuja lembra que criança não é para dar trabalho

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  Cara, Anuja é daquelas pérolas que valem a pena parar para assistir. Parar mesmo. São 22 minutos, de uma história bem contada, de uma pequena protagonista cativante, e, ao mesmo tempo, mostra a dureza desses tempos modernos para quem nasceu longe de um berço minimamente decente. Com aquele porém de sempre: o fato de eu ser pai bem meia boca pode interferir na impressão. Anuja concorre ao Oscar de Curta Metragem em live action. Não sei quem são os concorrentes. Foi mal, nem vou atrás agora. Diferença nenhuma fará para este que teima em escrever groselhas. Meio saco cheio desse modo competitivo que teima em estar sempre na moda. A qualquer preço. Anuja é a menina interpretada por Sajda Pathan, que junto com a irmã mais velha , Palak (Ananya Shanbhag), trabalha em uma fábrica de roupas em Nova Delhi, Índia. Daí, ela tem a oportunidade de fazer uma prova que vale vaga para frequentar a escola, o que pode fazê-la ter um horizonte melhor para a sua vida. Mas, para isso, terá de deixar ...