NBA, Super Bowl, contrastam com o tal clima de Libertadores

* Texto meu publicado na edição de hoje (11) do jornal O Estado MS

Se você não viu in loco ou pela televisão, internet, deve ter olhado, escutado, lido sobre o espetáculo que são as finais da Liga dos Campeões da Europa, do basquete da NBA, do futebol americano do norte. Se imagem não é tudo, é quase. O resto vem com o som.

E, a cada ano que passa, estes eventos esportivos, quase show, às vezes até se fundem como foi o caso da “ridícula” Lady Gaga no Super Bowl, roubam corações e mentes abaixo da linha do Equador.

Por quê? Bom, responder, responder mesmo não sei 100%. Ah, mas o pessoal assiste porque estão os melhores do mundo. É, pode ser, entretanto não é só isso. Aliás, peço a todos, eu incluso, para pisar no feio do simplório, do pensamento fácil que inunda as redes sociais. Nosso cérebro é como um músculo. Vamos exercitar mais, se não atrofia. Saúde (mental) é o que interessa. O resto não tem pressa. Issa! (Eita, momento homenagem professor Paulo Cintura escolinha do professor Raimundo Chico Anysio).

Depois deste start do século passado, voltamos ao tema. Não é só pelos craques em campo e nas quadras. A grande maioria começa a assistir porque a coisa é bem feita. Dá certo. É organizado. O cara vai lá com os amigos, a mulher vai lá ver também, a família se sente segura. O ingresso é caro. Sim, mas vê se alguém volta de um evento desse e diz que se arrependeu. O grau de rejeição é inversamente proporcional à popularidade dos nossos governantes.

Daí, tem o pessoal dos intitula. Os que se autoin- titulam “românticos”.  Os que se autointitulam “esportistas mesmos” e atacam a gourmetização nas competições. Nada se compara ao clima de Libertadores, alardeiam. Sei… mas o que quer dizer exatamente? Raça, aquela festa bonita da torcida, pessoal a comer aquelas iguarias de porta de estádio, que tem o precinho em conta e o sabor é um plus no caso. Isso é o verdadeiro ambiente? Galera movido à vaquinha para comprar cerveja  a cantar o hino do time? Se isso for o “clima”, esporte para muitos é isso. Tudo bem, é contagiante. E tem de ser.

Porém, não tem necessidade de prestes a completar 60 edições, o que vai ocorrer em 2019, o principal torneio de futebol da América do Sul passar e mostrar ao mundo os perrengues desta semana. Na terça-feira, o elenco do argentino Tucumán quis amenizar os efeitos da altitude e deixou para subir para Quito perto do horário da partida. O voo teve problemas e atrasou.
A partida demorou uma hora para começar, os argentinos tiveram de jogar com camisas da seleção sub-20 que está no Equador para o Sul-Americano porque o uniforme não chegou a tempo. Sorte que o El Nacional preferiu esperar o adversário a topar ganhar a vaga por w.o. Uns elogiaram o fair-play. Amadorismo puro brindado com a eliminação dentro de casa. Cenas difíceis de acontecer até em futebol amador.

No dia seguinte, no Chile, o Botafogo e sua torcida sentiu na pele o tal “clima” de Libertadores. Os aficionados do Colo Colo hostilizaram os brasileiros, deram boas vindas com chuvas de objetos dentro de campo, e pedradas do lado de fora. A diretoria deu o exemplo e fez o favor de pintar o vestiário da equipe da Estrela Solitária antes do confronto, que neste caso ganha ares literal. A tinta fresca, somente do lado visitante, deu uma dor de cabeça. Relatada pelos jogadores, inclusive por Rodrigo, que acabaria todo Pimpão por marcar o gol da classificação. A partida ainda teve de ser paralisada por causa do exacerbado “clima” de Libertadores.

Gente, gente, torcer, competir é diferente de ter de aturar essas condições inóspitas. Faz com que todo esforço do pessoal de bem, ou dos que pagam pelo torneio vão por água abaixo. E, o público, razão principal do sucesso de toda engrenagem, não aumenta. E dá campo para as “coisas de fora” proliferarem a passos largos.

Não dá nem para contra-argumentar. Qual é o problema de tratar bem os torcedores, os visitantes? Se você já trabalhou no comércio, sabe que se tratar bem o cliente, ele volta. O esporte é mais do que um comércio. Ou é uma mercadoria muito mais valiosa para ser administrada tão porcamente pelos cartolas.
Em Campo Grande, semana passada. Pessoal foi ao Morenão e teve de encarar fila para comprar bebida. Falta de lanches, desorganização para comprar ingresso na bilheteria. Melhorar é preciso. Depois aquele que deu um voto de confiança e levou a família, não retorna ao estádio. E, pasmem, ainda leva a culpa de estar ausente da arquibancada. Haja “clima”.
Abraço

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