Pelo bem do nosso futebol. Veja bem, só do futebol

*Texto meu publicado hoje (23) no jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

Que semana, amigos. E nem tão amigos. Ainda tento montar este quebra-cabeças neste turbilhão de emoções que tomou conta deste Estado, do Brasil, do mundo. É difícil... tem gente que considero boa sendo do contra. Outros tantos que estimo são a favor. E tem os que se abstêm. Me dá uma vontade de ser um destes. “Murão” total...

Mas o que foram essas semifinais de estaduais? O quê? Tu achaste que estava a falar do quê? Que chiste! Em Corumbá, cinco mil torcedores. Parece pouco. Bem, até é... mas, quando você olha para Campo Grande e, nas Moreninhas, nem mil operarianos empurraram o time diante do Sete de Setembro... É, Corumbaense, meus parabéns. E, no Paulista, o São Paulo, que coisa de doido, goleado pelo agora ilustre (des)conhecido Audax. Sem contar o Cruzeiro, que perdeu o jogo de ida para o América na semifinal mineira, o Atlético tropeçando, o Inter empatando... é ou não é sinal de que alguma coisa está fora do normal.

Ah, e ainda tem quem é contra os estaduais. Eu sou a favor... de eles serem bem mais curtos. Tanto joguinho de cena em fevereiro, março, quase abril, para ficar decisivo agora e por um período curtíssimo. Que temeridade. Sem contar na Espanhol, em que o Barcelona “conseguiu” ficar três jogos sem ganhar. E depois aplica 8 a 0. Como diria o Pelé, como a incorporar discursos acalorados: “Football is the box of surprise”.

Pela minha família, pela minha mulher, pela amante (não, essa não), por Deus, pelo meu neto que vai nascer, por aqueles que merecem apanhar mesmo... rapaz, que tortura. Ouvir entrevista de jogador quando ele vira o centro das atenções e empunha o microfone... o quê?! Você desconfiou que eu estava tratando de coisas fora do futebol? Eu estou a conversar sobre esse pessoal, técnico, dirigente, tudo incluído, que parece não evoluir.

Sim, há exceções. Neste “mundão” de norte a sul, chuto aí uns 137 que devem ter alguma noção. É uma pena. Perdem as chances de cobrar um esporte mais limpo, mais justo, levantar a voz para “torcedores” que só querem agir à luz da impunidade. Enquanto isso, a maioria dos responsáveis pelos clubes grita, esperneia, mas no fim toma partido por quem segue ou é dono do poder. Aí, não adianta querer depois mudar as regras do jogo. Tampouco reclamar com a entidade que manda. Que, assim, ganha no grito. Claro, com aquele toma lá da cá. Você me dá seu apoio, esquece o que vem pela frente, te dou uma boa ajudinha, e está tudo certo.

Por fim, esse negócio de bela, recatada e do lar também não dá. Gente, torcida que é torcida mesmo tem é de fazer festa mesmo. Deixamos os apaixonados e criativos irem aos estádios fazerem aquela velha e boa bagunça. Leva filho, leva todo mundo... o quê?! Achou que estava falando de outro assunto?

Que é isso... apenas acho que esse negócio de ter de cumprir sempre o protocolo, sem cerveja (aliás, que coisa mais de cima para baixo isso né?!), sem instrumentos musicais, sem palavrão, tira muito do que é o futebol. Ir ao estádio é legal para ver todo tipo de gente, sem violência, só gritando para empurrar a equipe, tirando o sarro, discutindo com o cara que toma partido de outro time. Mas, acima de tudo, aceitando a derrota. Quem sabe, na próxima a gente vence, mas sem tapetão.

No fim de semana, e nas próximas, o clima vai ser de decisão. Não sei porquê, mas passei os últimos seis dias com vergonha. O mundo inteiro diz que estamos em crise e indo para um caminho errado. Mas aqui, o pessoal diz que tá tudo certo. Será que vai demorar para o nosso futebol voltar a ser alegre, irreverente e não os donos da bola ditarem o jogo para que não haja mais surpresas?

Como alguém disse: hoje, no Brasil, não se discute futebol. Briga-se. Ou você pensou que era sobre outra coisa? Abraço

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