Jogos Mundias Indígenas, Palmas para eles

*Texto publicado na edição de sábado (24) do jornal O Estado de MS - Com exceção da foto

Tem certos assuntos que são difíceis de abordar. Índio é um deles, certamente. Em Palmas, no Tocantins, desde a quinta-feira acontece o JMPI. Sigla para, novidade também para mim, Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.

São pelo menos 2 mil índios de 22 países. E, você, que achava que “este tipo de povo” só existia, ou resistia, no Brasil. Bom, mas, sei lá né, vai saber, silvícola norte-americano deve ser mais chique, falar em inglês. Da Europa, deve ser de primeiro mundo, os papa-capim finlandeses e neozelandeses não devem ser “folgados” iguais os daqui. Isto, contando que, de repente, há poucas linhas tu nem sabia que nativos eram exclusividade também fora do território tupiniquim.

Ironias à parte, reconheço que deve ser complicado jornalisticamente abordar os Jogos Mundiais Indígenas, que terminam daqui a uma semana na capital tocantinense. Atenção: Palmas fica na região Norte, quase Centro-Oeste. Sempre é bom relembrar geografia. Tem muitos que sabe onde fica Miami, Havana, Buenos Aires, mas confunde os Mato Grossos, acha que nordestino é tudo igual. Assim, como índio.

No caso da competição indígena, a linha que separa a cultura, o esporte propriamente dito, do exótico, do diferente, é tênue. Já está no nosso imaginário. Para o bem e para o mal. Do mesmo jeito que é bacana assistir disputas com o arco e flecha, corrida com tora, as caras e os caras pintados, é chato esquecer que existe uma cultura, ou atletas que querem testar seus limites, ganhar medalhas, e exagerar no estereótipo.
Símbolo de vida e da força, o Fogo Sagrado é aceso pelos pajés e líderes religiosos das etnias que participam dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas.
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Talvez, não haja consenso nem entre os personagens principais. Alguns são desconfiados, outros, descrentes de querer serem vistos de uma forma menos caricata, e outros aproveitam para, ao seu modo, “fazer a dança da chuva na cara da sociedade”. A um tempão, salvo engano em 2001, em Campo Grande, aconteceu uma edição nacional dos Jogos Indígenas, no Parque das Nações, olha só, Indígenas. Foi bacana. O pessoal olhava tudo com um ar curioso. Alguns até queriam tirar fotos ao lado dos índios mais, digamos, vistosos. Desistiam depois de segundo relatos, saber que para sair na foto, o modelo cobrava R$ 10.

Isto posto, Jogos Mundiais dos Povos Indígenas não deixa de ser uma boa iniciativa. Pena que, após a festa, pouco resta a comemorar ou a se discutir. Agora, ‘Cimi’ dão licença vou nessa. Esticar uma rede.
Abraço.

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