Sobre maioridade penal e esporte para os ‘de menor’
*Texto publicado na edição de hoje (dia 20) do jornal O Estado MS
Seria tão bom se muita gente que defende ou é contra a
redução da maioridade penal olhasse realmente com carinho para os “de menor” de
18 anos. E, não só ativasse seu instinto de proteção a filhos, sobrinhos, netos
e conhecidos.
Seria bacana se debatessem a importância e os benefícios do
esporte na vida dos “teens”. Se realmente vale a pena, ou não, investir neste
negócio de mente sã e corpo são. Mas, ao que tudo indica, isto parece que são
outros quinhentos...
“Ah, garoto de 12, 13 anos que rouba e mata já sabe o que
está fazendo”. Ah, é?! Talvez. Uma pena que antes, na maioria das vezes, nenhum
adulto ou coisa parecida lhe apresentou uma segunda, terceira via. E, não digo
só sobre esporte. Neste (mo) leque talvez houvesse a chance de aparecer um
livro, uma peça teatral, um filme, uma escola melhor. Uma educação de verdade.
Literalmente digno de nota.
Porém, este espaço, é teoricamente voltado para o desporto.
Então retornamos a ele. Afinal, hoje em dia o que mais vale é malhar. Malhar os
outros, malhar quem discorda de você. Melhor que malhar o corpo, alegarão
muitos.
Não, não vou falar que o esporte é a tábua de salvação para
todos os males e blábláblá. Mas, que seja oferecida a chance de descobrir e
conhecer uma modalidade coletiva ou individual. De carona, que volte a ser
valorizada a Educação Física e, seus professores. Personagens fundamentais que
também necessitam ser vistos com mais apreço e com menos olhos nos preços que
ela cobra por tamanho atraso e falta de estrutura crônica.
Sem essa de jogar uma bola e deixar a gurizada e o tempo da
aula correr até tocar o sinal. Que mostre o quão importante é para a saúde,
salutar é trabalhar em equipe, confiar no seu companheiro, respeitar o
adversário. Saber perder.
A tarefa é árdua, sim. Apenas acredito que investir com
responsabilidade e/ou desenvolver iniciativas para tentar levar nossas crianças
a um caminho menos danoso sai mais barato (já que só nos sensibilizamos quando
mexem no bolso), do que levantar prisões diferenciadas para os “de menor”,
criar novas burocracias judiciárias, gastar muito para “consertar o elemento”. E,
a chance de poupar lares com pais sem filho certamente aumentaria.
Sonho é sonho, deixa quieto. Falar simplesmente que cadeia
não resolve, ou que bandido é bandido independente da idade, é confortável e
faz você ficar de bem com sua turma. Desanima, melhor é tirar meu time de campo
e deixar para os “especialistas de redes sociais”.
Até porquê, sejamos realistas, sabemos que no mundo real a
lei vale para todos. Ou você já ouviu pelo menos uma vez que fulano fez coisa
errada, mas não aconteceu nada porque ele é filho de gente conhecida? Duvido.
Por isso, que este povinho é quem faz coisa errada e o jeito é ir para a cadeia
mesmo.
No máximo, o “pivete”, se tiver sorte, vai ser um entre
milhão a brilhar nos campos, ginásios ou palcos do mundo. A maioria vai entrar
na estatística marginal.
Os donos da verdade se isentam de culpa por um mal menor
virar o maior problema. Discurso e realidade longe de caminharem lado a lado.
Abraços.
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