“Não é nesse, é no outro domingo. Você vai no MS Canta?”
Saudade desta pergunta. Tudo bem, raramente eu comparecia.
Ossos do ofício. Mas, muita gente prestigiava. Diria, milhares. Já versei sobre
isto há alguns bons pares de meses. O MS Canta,que depois acoplou o Brasil no
nome, era um dos principais, talvez o principal evento musical de todo mês em
Campo Grande.
Um belo programa de domingo. Em um Parque das Nações
Indígenas que deixava o visual do show ainda mais legal.
Até na chuva era legal Sem show, aí sim, que fica embaçado Foto: Luciano Shakihama |
Pouco importa se
reunia mil,10 mil segundo a PM,ou 30 mil,70 mil de acordo com os organizadores.
Nas atrações de maiores plateias, só tendo muita má vontade para dizer que a
iniciativa foi um fiasco.
Sim, muitos torceram, torciam, e ainda torcem o nariz. “Para
que o governo do Estado gasta uma grana para trazer esse pessoal de fora?”
Vixe, não sei se vão gostar, mas vamos lá. Sem entrar no
mérito se havia uma comissão por fora (se há algo errado, óbvio que cabe
investigação), ou se o badalado (ou nem tanto) grupo ou banda cobrava um cachê muito
mais alto do que o habitual, soa meio província,meia hipocrisia este tipo de
revolta.
Quanto custa o ingresso para um bom show “nacional” hoje?
Por baixo, 30 reais. Se o músico conseguir reunir 10 mil seguidores que pagaram
a entrada, daria um dinheiro bruto,talvez rústico e sistemático, de 300 mil
dinheiros. Diz aí, sinceramente, para assistir o Seu Jorge, o Biquini Cavadão,
o Monobloco, o (finado) Charlie Brown, entre muitos que passaram por lá, com
certeza pagaria.
E, para quem não tem
condição, condução, com razão iria dar um jeito de ver de graça. Aliás, até
quem pode bancar a ida a um show vai. Puxa, vai dizer que não compensa trazer
uma banda/artista para o povo ver?
Detalhe: às vezes,quem abria os shows aproveitava bem o
espaço e se saía melhor que a atração principal. Aliás,mais um lamento, os “locais”,
bem ou mal remunerados (outro ponto que
merece uma boa discussão) , perderam mais uma vitrine para mostrarem o seu
talento.
Sem contar que o MS Canta movia uma verba extra para
vendedores de ocasião, e levava o nome de Campo Grande para cantos mais
distantes. Não era raro caravanas e fãs do interior e até de outros Estados
estarem ali curtindo o som e o clima do Parque. Sei lá, rolava uma energia boa
ali.
Ás vezes, penso que as ditas cabeças pensantes dessa cidade
e/ou do Estado não gostam de diversão. A não ser que somente elas tenham
acesso. Ou desagrada o fato de alguma iniciativa dar certo. Cultura é, sim ,vital para o povo. E para o
povão.
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