Drummond em... E agora, José Marin, “Zé” Blatter...?

*Texto publicado na edição de hoje (6) do jornal O Estado MS

E a Fifa, hein?! Parece fim de feira. Como tem fruta podre. E a CBF? Está naquela linha tênue entre confissão de culpa e Pôncio Pilatos. Lavando as mãos, escondendo as amizades antes “MARINadas” com muito afeto.O legal é quem até posava para fotos com os alvos da vez agora se voltou contra.
Que Fenômeno, não?! Dirigentes anciões da Confederação viraram personas non gratas. Baixinho que há um tempo longe de ser longínquo posava para fotos apertando a mão de del Nero também engrossa a lista dos indignados. Isto que é esfregar na nossa cara o mantra “brasileiro tem memória fraca”, ou “brasileiro esquece rápido”, ou “brasileiro não tem memória”. Qual é mesmo a frase correta?

Entretanto, de concreto mesmo, pouca coisa mudou nos pilares da hercúlea estrutura do futebol. E, divagando em lembranças, lembrei de Carlos Drummond de Andrade. Coisa boa. Outro nível. Entre muitas escritas que vale a pena serem revisitadas, recitadas, ou pelo menos lembradas figura esta: “Não digo que sou um Vascaíno doente, pois doente é quem não é Vascaíno”. Deve ter dito isto antes dos Euricos da vida aparecer no Vasco, e na vida esportiva. Deixemos para lá. Tema para um outro dia, quem sabe.

E qual é a razão da ousadia em citar um monstro de nossa tão mal-tratada língua? É porque momentos antes de começar a encher este espaço de obviedades, pensei em um poema famoso de Drummond. Está bem, confesso, o único que lembro de cabeça e, calhou dele vir à mente. Acho que deve ser o mais “pop”. Ainda sim, melhor que muita coisa universitária e/ou ostentação que vendem por aí. Estou ficando velho.

Os versos em questão vão em homenagem aos “Josés”. Um, o brasileiro Marin, está preso na Suíça. O outro, o suíço Blatter, pediu para sair depois de se ver abandonado, pressionado, talvez até traido, mesmo reeleito quatro dias antes.

Eis um trecho
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?
(Daí pulo para) Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?
(Para terminar em) E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio, - e agora?

Claro, se você conhece o poema, sabe que ele não termina aqui. Talvez o restante seja bom demais para a dupla Zé Marin e “José” Blatter, E, se ficou interessado. Boa pesquisa e agradável leitura.
Porque, assim como a obra do artista mineiro, as investigações no mundo da bola e, fora dela, não param por aqui.

Abraços.

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