Joinville sobe após 28 anos. MS fora da elite desde...?
*Texto publicado na edição de sábado (8) do jornal O Estado
MS
Em 1986, eu tinha a idade que o meu filho acabou de
ultrapassar na quinta-feira (6). Como cantou Thaíde em “Tempo Bom” (quem gosta
de black music das antigas procure aí, vai gostar, com certeza): que saudade do
meu tempo de criança, quando eu ainda era pura esperança.
Já flagrava vários movimentos, embora sem faixa etária e
noção suficiente para algo. Na memória, das coisas que mais me marcaram foi o
Plano Cruzado. Aquele do “Sou fiscal” e, bam! Dá-lhe porta fechada porque o
comerciante praticou o “famigerado” ágio.
E, pensar que o pai do tal “prano” ainda está bem ativo, apoiou uma
candidata a presidente, mas, parece, mudou de ideia na frente da urna e votou
em outro. País sério é isso aí. E, chega
de eleição! Primeiro, a amizade. Depois, o segundo turno (risos, desculpa, foi
mais forte do que eu).
Regresso a 1986, em que além dos cruzados que fracassaram no
combate a crise e ao dragão da inflação (ufa, espero que meu filho nem saiba o
que significa), a Copa do Mundo no México também ficou na lembrança. Quem
esquece os golaços do Josimar? E as atuações de Maradona? Menos o gol de mão,
mas, muito mais, a pintura diante dos ingleses. Quem sabe, uma homenagem
inconsciente de Dom Diego a Garrincha, enfileirando os “joões” do English Team
ao fazer aquele que é considerado um dos mais bonitos gols de todos os tempos.
Ainda em solo mexicano, até hoje me pergunto, por que
caracas o Careca não bateu aquele pênalti sofrido pelo Branco contra a França
ainda no segundo tempo? O Careca era o artilheiro, o Sócrates era o batedor
oficial, e sobrou para quem? Zico. Aí a história tratou de fazer o resto. E,
pensar, que sério, antes da disputa de pênaltis, eu corri para o quarto do meus
pais e rezei baixinho. Mas os deuses da bola foram cruéis comigo. Ou, vai ver,
foi uma das minhas primeiras blasfêmias neste mundão divino.
Em todo caso, o futebol já tinha me evangelizado. Zico,
mesmo vivo, já está imortalizado, Careca está perdoado por, no começo de 1987,
junto com o elenco do São Paulo, ter propiciado uma decisão emocionante diante
do Guarani. Empate com seis gols e disputa vai para os pênaltis. E, não que é
ele, artilheiro com 25 gols, perdeu a penalidade? No final, o Tricolor
comandado por Pepe, e que ainda tinha Muller, Silas, e Darío Pereyra, levou a
melhor no Guarani de Ricardo Rocha, Boiadeiro e Evair.
Ah, 1986... O que tem a ver com 2014? Não é nem data
redonda, como 10, 20, 30 anos. Se ainda estivéssemos em 2016, 2026... Qual o
motivo da recordação? A culpa é do Joinville. O time catarinense garantiu seu
retorno à Primeira Divisão na terça-feira ao bater o Sampaio Corrêa-MA, em São
Luís. Sabem desde quando o JEC (Joinville Esporte Clube) não participa do
principal campeonato nacional? Vinte e oito anos.
Ou desde 1986. E daí? Foi o ano da última vez que Mato
Grosso do Sul disputou o Brasileiro, e jogou com times da elite. Os
comercialinos enfrentaram Botafogo, Vitória-BA, Atlético-MG e Palmeiras. O
Comercial ainda chegou à segunda fase e encarou Cruzeiro, Bahia, Sport,
Atlético-PR e o Inter. Já os operarianos
tiveram pela frente times como o Fluminense, Inter-RS, Coritiba e Sport e
caíram na primeira fase.
Eis que, dá uma pontinha de inveja em ver um clube, com uma
tradição menor ou igual a dupla Comerário, conseguir chegar lá novamente.
A nosotros, resta o mimimi geral aos problemas de sempre,
tão visíveis, que até um rei nu teria se embaraçado. Até quando? Pergunta
difícil. Enquanto isso, o Galo de Campo Grande tenta pelo menos voltar à
Primeira Divisão do Sul-Mato-Grossense.
Menção honrosa: Corumbaense e a sua torcida. Espero que
continuem torcendo e o time subindo.
Bom fim de semana a todos.
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