Estão brincando de fazer futebol em Mato Groso do Sul

* Texto publicado sábado (28) no jornal O Estado MS

Em outros tempos, em outra redação, um dos jargões preferidos do editor-chefe do jornal para, digamos, dar um tapa na cara da gente com luva de pelica, era o seguinte: “Vocês estão brincando de fazer jornal!”
Fico a pensar que, o mesmo acontece com o nosso futebol. Dirigentes, “otoridades”, parecem não levar a sério ano após ano, quiçá, década após década. Se não é de hoje que até cego vê que não temos pelo menos um clube com condições de brigar de igual com os estados vizinhos, agora coloquemos mais um problema na conta.
E já que brincadeira remete à coisa de criança. Permitirei brincar (só um pouquinho) com a situação a seguir. Vinicius de Moraes pragueje aí do céu, devidamente acompanhado de seu copo com gelo seco de nuvem. Toquinho, leve isto como imitação perrengue de canção para propaganda da Faber Castell.
Mas, é mais ou menos assim
“É um futebol muito engraçado,
não tem série, não tem calendário
Ninguém pode jogar na Capital
Porque na cidade não há estádio
Ninguém pode trazer partidas aqui
Porque os estádios podem cair
Mas para muitos, o futebol
ainda é levado a sério
na rua dos bobos, número zero”
Pois é, amigos, tanto (não) fizeram que a casa caiu. Ou, seria radical demais? Tudo bem, está quase caindo. Ou não? Que tal, corre riscos de desmoronar?
Se já está difícil juntar os cacos para por um time em campo (quem viveu e acompanhou o drama Itaporã que o diga), agora em Campo Grande, hoje, não há estádio para uma partida oficial de futebol que tenha o risco de reunir um público razoável.
Então, você, que de vez em quando nutre uma esperançazinha da cidade receber um jogo de Série A, como foi Portuguesa e Corinthians, partida que completará um ano de sua realização na segunda-feira, dia 29. Ou da Segunda Divisão, como Palmeiras e Ceará, acontecido no dia 23 de novembro.
Alguns dizem, que, como não há futebol de alto nível, para quê estádios bons? Ninguém vai mesmo. Discordo. Em uma cidade de 800 mil habitantes, é inadmissível a falta de locais decentes para a prática de qualquer esporte.
Me incomoda esta cultura do “deixa assim, é ruim mesmo”. Nasci aqui, cresci vendo alguns jogos do Operário, Comercial, seleção brasileira, cobrindo partidas do Brasileirão. Gostaria muito de bater no peito e me orgulhar de, pelo menos, ter um estádio com mínimas condições. Para que, de repente, possa oferecer ao torcedor carente de bons espetáculos, coisas boas. Se o cidadão nunca ter a oportunidade de conhecer o que é bom, como vai ter um parâmetro para evoluir.
Ah, mas é um exagero interditar o Morenão e o estádio nas Moreninhas. Será? Talvez. Pelo menos até cair parte do teto, de uma marquise...
Reformas, talvez buscar outra opção? Um estádio menor, mas devidamente estruturado e aconchegante? Alguém? Alguém...
Mas, deixa para lá. Poncio Pilatos faz escola. Cartolas, dirigentes, e a quem deveria estar incomodado, lava as mãos. Daqui a pouco, conseguem a liberação do que já foi garbosamente conhecido como maior estádio universitário da América Latina. Projetado para recebe 40 mil pessoas. E, hoje, talvez, seja temerário que abrigue mais de 12 mil.
Todo o mundo com cara de paisagem. Dia 5 de outubro chegando, e, quer saber? Estádios, futebol, esportes...silêncio total. Igual ao das arquibancadas proibidas de receberem o calor do torcedor.
Bom fim de semana a todos.

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