Dica sobre uma Mina que Incomoda Amilhão - Matangi Maya M.I.A.
Sempre curti Maya. Ou M.I.A para os íntimos. Ou vice-versa.
Ouça. Ou, não. Reconheço que não é para todos os ouvidos. Até assistir Matangi
Maya M.I.A o que eu sabia fora das músicas era a de que era britânica/cingalesa,
curte funk brasileiro e letras bem engajadas.
Daí no estilo “em que mundo você vive?”, em uma destas
passadas na mão pelo controle remoto parei no Canal Bis e vi um trecho deste
documentário filmado por Stephen Loveridge em 2018. Na passagem que fala sobre
uma notícia de Sri Lanka em que soldados explodiram uma granada na vagina de
uma mulher estuprada e morta para não deixar vestígios. E o mundo pouco se
importa.
Assim posto, busquei saber em que horas ia ser reprisado. Sábado, 6
da manhã (7h de Brasília), estava eu na sala para ver na íntegra. Caraca, valeu muito a pena.
Cingalesa, Maya Arulpragasam não é qualquer uma, um. Incomoda.
Formou-se em artes visuais, tem pai fundador de associação rebelde ao governo
de Sri Lanka e carregou toda a carga vivida em clima de guerra para o Ocidente.
O filme é sobre a vida de M.I.A. Nem sabia que ela produziu
um dos primeiros clipes indie com dança. Aliás, eu gostava do som da banda
Elastica. O documentário mostra a ascensão da artista/ativista hoje com 44
anos. Um pouco da confusão e como ela tenta administrar esse lance de ter grana
e falar sobre imigração, refugiados, machismo e racismo. E, de como resiste em
não ser apenas mais um rostinho bonitinho na cena – entrevistas editadas sem
seu consentimento para evitar a “politica” -, e, assim, fazer o que a indústria
do entretenimento quer.
Sem papas na língua, critica a visão
norte-americana/europeia sobre os problemas sociais do outro lado do mundo.
Sobra até para Madonna. Futebol americano. Muito, muito bom.
Se você já não morre de amores pela cingalesa de origem
tâmil, pode ser que mude de ideia. Ou reforce a sua antipatia.
Se jamais ouviu falar dela, dê uma chance. Fez um barulho em
2018, ano do seu lançamento, e não deve ter sido por acaso.
Se você gosta, já deve ter visto. Eu só assisti agora. E tem
muita coisa que, com um esforço, lembra os dias atuais em vários países – EUA e
Brasil incluso.
Abraço
Confere aí o trailer
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