Vamos subir, Galooo...de Rio Brilhante
*Texto publicado na edição de sábado (7) do jornal O Estado
de MS
O primeiro jogo que eu assisti no estádio foi em 1984.
Estádio Morenão cheio, estávamos lá pela primeira vez. Eu, meu pai, minha mãe,
meus irmãos. O jogo: Operário x Palmeiras. Na verdade, não lembro da partida
inteira. Mas do que recordo, foi marcante como se pode notar.
Da arquibancada, via a festa dos torcedores do Galo da
Capital. Deve ter me ajudado a gostar de lugares com muita gente. A gostar de
futebol. Lembro dos fogos, uma atmosfera sadia, de ver o aquecimento daquele
goleiro do Palmeiras, que as mulheres achavam bonitão, tal qual um Leão.
E mal nos acomodamos na arquibancada, por sinal a mesma até
hoje, saiu o gol do Galo. Nem sei quem foi, de acordo com pesquisas via
internet parece ter sido do Lima. O time da casa, naquela época era o mandante
mesmo, comandado pelo técnico Carlos Castilho. Gente nova que não sabe quem
foi, favor pesquisar. Vale a pena. Fomos para o intervalo com a esperança de
somar dois pontos. Sim, a vitória ainda não precisava de um empurrãozinho de
três para ser mais perseguida.
Legal foi o intervalo. Meus pais até encontraram uns
conhecidos. Só rememoro o senhor Ali, dono de uma extinta banca de revista que
existia na rua Antônio Maria Coelho, quase esquina com a 14 de julho.
Pena que no segundo tempo, o Luis Pereira (segundo o
futpédia do site da Globo) empatou a partida. Se eu soubesse que em poucos
anos, o principal clube de Mato Grosso do Sul entraria em queda livre,
comemoraria estes resultados diante dos “grandes” como um título.
Nos anos 2000, em outra realidade, foi a minha vez de levar
meu guri para ver um jogo de futebol. Domingo de manhã para ver Comercial e
Operário, ou Operário e Comercial, pelo Estadual. Em um Morenão cuja parte
coberta da arquibancada estava interditada, uns 2 ou 3 mil persistentes
torcedores acompanharam a partida. Na época, meu filho gostou. Ganhou uma
bandeirinha preta e branca, até tentou acompanhar uns gritos do Operário, e
deve ter fixado na memória seus primeiros palavrões para usar na escolinha.
Pena que terminada a partida, alguns pseudos comercialinos e operarianos ainda
conseguiram arrumar um empurra-empurra na hora de deixar o estádio. Não deixa
de ser um retrato de como estava o nosso nível. Ambos os clubes já sem suas
sedes tradicionais, a Vila Olímpica do Colorado, na rua Brilhante, e a sede do
Galo da Avenida Bandeirantes, no caso operariano, sem seus troféus (por onde
andam?), e ainda piorou mais!
A ponto de hoje, o Morenão estar totalmente interditado.
Dizem que é por motivos políticos. Vai saber.
E, o campo das Moreninhas, que nem antigo é, mas já nasceu sem sistema
de drenagem, com estrutura precária ao torcedor, foi paulatinamente mal
tratado. A ponto de ser deixado de lado e o Galo da Capital virar Galo de Rio
Brilhante neste ano.
Vai ver, os dirigentes campo-grandenses estão testando o
tamanho da paixão do campo-grandense pelos times da cidade. Amanhã, quem
acredita que o Operário volta para a Série A do glorioso Sul-Mato-Grossense que
encare a estrada e os 163 km que separa o Ninho do Galo do Ninho da Águia, em
Rio Brilhante. Porque, vontade de dar uma garibada no estádio que fica dentro
do Jacques da Luz não existe. De nenhum lado. O ímpeto da federação estadual em
liberar o Morenão para jogos parece ter esfriado com o fim das possibilidades
de trazer partidas do Brasileirão deste ano.
O fato de agora, os times grandes terem maioria da torcida
em Estados como o Mato Grosso do Sul não é por acaso. Se não há o básico a
oferecer para uma criança torcer para o time de sua cidade, paciência. E olha
que, a coisa está feia no Brasil inteiro. Vide a quantidade de fãs do
Barcelona, Real Madrid, Chelsea, etc.
A esperança tem de existir. Ou resistir. Vide as finais dos
Brasileiros da série C e da D. Busque aí no youtube as festas da torcida do
Brasil, em Pelotas (RS), do Vila Nova, em Goiânia, do Remo, em Belém. Quem
sabe, um dia eu veja os operarianos comemorarem...em Rio Brilhante, ops, em
Campo Grande.
Abraço.
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