E o futebol cada vez mais...football

* Texto publicado originalmente na edição de sábado (14) do jornal
O Estado de MS

Sabe, no meu limitado guarda-roupas, por entre cabides de vários tamanhos e gavetas contundidas, vagueiam algumas camisas de times de futebol. Sempre fui fã confesso. Caras, mas mais resistentes do que a média do vestuário “normal”, seja lá o que quer dizer isso. Foram caras e caros amigos e amigas, e familiares que me presenteavam. Atualmente, deu uma rareada, vai a ver a situação anda meio apertada, vai ver a culpa é da Dilma, ou foi do FHC, ou é nossa mesmo, sei lá. O importante é apontar alguém.

Daí que, além de uma ou duas camisas do meu time de coração, uma da Juventus da Rua Bariri (outro antigo regalo) possuo duas ou três “peitas” de equipes do exterior. Estas, apesar do valor dentro de campo, gosto muito pela estética mesmo. São tão e às vezes mais bonitas do que as de clubes que pululam por nossos campos. E, pelo menos, que eu tenha conhecimento, nenhuma se deu ao luxo ou ao lixo, ou lixo é luxo?, de estampar preço de smartphone em promoção. Bota fogo nisso! Tudo bem, os dirigentes comemoram, o empresário festeja a visibilidade. Uau, é marketing!

“Bonitas camisas Fernandinho” (sem querer lembrei da propaganda da Ustop) à parte, acredito ainda que o maior chamariz é dentro de campo. O futebol, ou o esporte que seja, bem jogado, a emoção, o estádio cheio, o prazer de ir e a certeza de voltar com segurança. Fora do campo, ou da quadra, também ajuda e muito. E os gringos souberam disso há muito mais tempo que os “jênios” que pseudo administram os principais esportes no país.

Há uma semana, fui com a patroa à praça Elias Gadia, aqui em Campo Grande, levar as crianças para brincar no “parquinho de areia”, como diz a minha filhota. Que ao lado do meu filhão tentava se divertir no espaço que mais parecia aquela canção do Era uma casa muito engraçada, pois no playground não há mais (quase)nada. Gangorra já não existe, ninguém pode girar ali porque gira-gira deixou de existir.
O bom que criança demora para emburrar, ao contrário de muito adulto crescidinho, e consegue imaginar e brincar da sua maneira.

Ah, volto os olhos ao lado do parquinho e miro a quadra, dividida meio a meio por garotos tentando acertar um dos gols, e jovens no basquete duelando em trio pela melhor jogada, pela cesta. Aí que veio a tristeza. No futsal improvisado, garotos com a camisa do Barcelona e, nenhum, com vestimenta de times brasileiros. Nem entro no mérito da ausência de uniformes de equipes de Campo Grande, porquê aí já seria demais. É difícil até achar nas lojas, quiçá nas ruas. Mas, cadê a molecada envergando o símbolo de um grande paulista ou carioca? Ou do futebol mineiro, atual dono das principais competições nacionais (Copa do Brasil e Brasileirão), e nem do gaúcho, com sua auto-aclamada grande colônia fixada por estas bandas?!

É um sintoma de como estamos perdendo terreno nas mentes e corações dos futuros torcedores. Não chega a ser alarmante, espero. Mas, enquanto os cartolas daqui só sabem pedir, espernear para o governo ajudar a pagar as contas dos seus clubes, ou ressuscita a discussão sobre mudança na fórmula do campeonato brasileiro, os europeus, e pouco a pouco os norte-americanos, vão tomando conta das novas gerações de fãs. Além da propagação dos seus jogos e craques, em palcos onde tudo parece até “higiênico” demais, o football aposta pesado nos vídeo-games e computadores afins. 

Não se espante se o seu sobrinho, filho, ou adolescente amigo seu souber onde nasceu aquele jogador do Manchester City e nem ter ideia de quem é o zagueiro do Corinthians, ou o goleiro do Flamengo. Às vezes, nem interessado estará.
Errados eles? Não. É uma briga desigual. De “marketing”, de nível técnico, de organização além das quatro linhas, de entretenimento mesmo. E, fala para mim, você vê algo sendo feito para “contra-atacar”? De verdade?

Ah, voltando à quadra do Elias Gadia, na parte basqueteira, nem preciso dizer que camisa de time, só da NBA, a liga norte-americana. Pois é, I Love this game!

Boa semana a todos

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