Times de futebol com verba pública. Você concorda?
*Texto publicado na edição de hoje (14) do jornal O Estado de MS
Quanto custa manter um time de futebol? Depende, lógico. Se for para disputar um Brasileirão, é uma coisa, se Libertadores estiver incluído aumenta mais um pouco. Liga dos Campeões da Europa então, o pensamento vai a milhão. Milhões.
E se for para
jogar o Sul-Mato-Grossense? Sempre lembrando que trata-se de futebol
profissional. É justo clubes, federação, que podem, devem ter, recebem
patrocínios, ter ajuda do poder público? Em português claro, disputar o
campeonato subordinado a entidades que se dizem de cunho privado com uns reais,
ou muitos, tirados do bolso do torcedor? Ou não.
Veja só, os três
representantes de Campo Grande no glorioso Estadual. Que para entrar em campo
já contam cada um com uma “mãozinha” de R$ 20 mil, parte que lhes cabem do
patrocínio da Gazin ao campeonato. Quando o jogo é no interior, o governo do
Estado banca a viagem, a hospedagem, além da bola.
E, agora, Comercial, Cene e
Novoperário estão muito perto de repartirem uma bolada de pelo menos R$ 180
mil. Benesse que virá de projeto de lei a ser votado pelos vereadores da Cidade
Morena ainda este mês. O motivo: fortalecer as equipes na briga pelo título da
competição.
Maravilha, não?! A
contrapartida dos clubes para com a prefeitura? Ih, na verdade, faltou este detalhe.
Segundo os nossos representantes na Câmara, a lei sofrerá algumas alterações e,
entre elas, aí sim, será incluído algo neste sentido. Se bem que, para o autor
do projeto, só o fato dos clubes estarem em situação regular, sem débito, e
apta a receber o repasse já é uma contrapartida. Hilário, não? Ou a situação do
futebol da Capital está tão periclitante, que só o dever dos dirigentes em
manter os times na linha vira quase motivo de comemoração?
Interessante
também é a justificativa: “os times do interior já recebem ajuda dos seus
municípios, a lei levaria os clubes da Capital a uma condição de igualdade”.
Que bom. Os moradores destas cidades devem estar contentes. Já escuto os
milhares de torcedores pelas ruas de todo Mato Grosso do Sul gritando “Futebol
é o que interessa, o resto não tem pressa!”
Pode até não
parecer, mas torço para que Campo Grande e, óbvio, o Estado por inteiro, possa
ter dias melhores no futebol. Entretanto, que seja de uma forma realmente
profissional. E, não se colocando como esporte amador quando é conveniente. Só
para ter uma noção, caso a “lei do futebol” na Capital seja aprovada, o valor
mínimo (R$ 180 mil) apresentado na proposta será quase 50% a quantia total (R$
400 mil) que a prefeitura disponibilizou às federações e atletas de outros
esportes em 2014 pelo FAE (Fundo de Apoio ao Esporte). Cujo repasse somente
terminou de ser quitado na quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015.
“Mas, e aí? Qual a
solução, então? Os clubes têm de ter esta ajuda para depois voltarem a caminhar
com as próprias pernas”. Pode ser. Porém, escutei este argumento pela primeira
vez há pelo menos dez anos, quando o governo estadual começou a bancar as
viagens dos times no campeonato. E, ao que tudo indica, parece não ter tido
muito esforço dos beneficiados para, pelo menos, ficarem de pé.
Em tempo: o argumento a
respeito de dinheiro público no futebol profissional vale também fora dos
campos sul-mato-grossenses. Exemplo: Banco estatal injetando dinheiro em clube
é quase uma concorrência desleal ao empresário que, por ventura, tenha alguma
pretensão de patrocinar os “times de massa”.
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